Na noite desta segunda-feira (21), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu uma entrevista exclusiva ao telejornal SBT Brasil, comandado por César Filho. O ex-chefe do Executivo falou diretamente do hospital DF Star, em Brasília, onde está internado para se recuperar de uma cirurgia no intestino.
Ao longo da entrevista, Bolsonaro abordou o procedimento cirúrgico ao qual foi submetido e aproveitou para se defender das acusações que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF). Questionado sobre sua ausência do país em 8 de janeiro de 2023, data dos atos antidemocráticos na capital federal, ele voltou a negar envolvimento com qualquer plano golpista.
“Pelas condenações que tivemos até agora, condenações absurdas, é um processo tipicamente político, não tem nada de técnico. (…) Como é que eu posso deteriorar um patrimônio se eu estava fora do Brasil? A outra questão é dano qualificado contra o patrimônio da União, ou seja, é a mesma coisa, uma repetição. Que dano é esse que eu participei se eu não tenho uma só ligação com quem quer que seja aqui no Brasil? (…) Golpe de Estado é uma brincadeira”, afirmou.
O ex-presidente ainda classificou a acusação de tentativa de golpe como algo sem fundamento. “Golpe de Estado sem liderança, sem tropa, sem armas, num domingo, e sem o respectivo presidente pra você poder destituí-lo naquele momento. Não tem cabimento esse tipo de acusação contra mim ou contra quem quer que seja, que estão nesse processo. E outra é organização criminosa armada. Você vai nas policiais legislativas da Câmara e do Senado e pergunta se alguma arma de fogo ou arma branca foi apreendida no 8 de janeiro, com aquelas mil e poucas pessoas. Nenhuma arma foi apreendida!”, declarou.
César Filho perguntou se Bolsonaro teria participado da elaboração de uma suposta minuta golpista, como apontam adversários. O ex-presidente respondeu: “Nós conversamos dispositivos constitucionais”, limitou-se a dizer.
Sobre o risco de ser preso, Bolsonaro declarou estar tranquilo, mas voltou a criticar a conduta do Judiciário.
“Eu não tenho preocupação nenhuma, zero. (…) Inquéritos intermináveis, que já duram seis anos. O Supremo vai focar na minuta do golpe e também naquele plano de assassinar autoridades, que seria o plano punhal verde e amarelo. O autor desse plano conhecido como punhal verde e amarelo é um general da reserva. Foi encontrado um laptop na casa dele numa busca e apreensão. O que naturalmente teria que ser feito? De imediato, tomar o depoimento dele, até pra evitar que ele apresentasse uma possível versão fantasiosa.”
Questionado sobre o que pensa a respeito do chamado plano “punhal verde e amarelo”, Bolsonaro respondeu: “Eu não tenho o que falar sobre esse plano até que no computador de quem foi encontrado diga alguma coisa. Eu não posso ficar aí divagando o que eu acho ou não acho disso aí. Da minha parte, isso nunca passou pela minha frente, nunca tomei conhecimento disso aí, fiquei conhecendo com o vazamento da PF junto à imprensa brasileira.”
Mesmo inelegível, Bolsonaro se mostrou confiante em uma possível reversão dessa condição no Judiciário e comentou o cenário eleitoral de 2026:
“Eu acredito que até lá esteja movimentando multidões pelo Brasil. Eu duvido, a esquerda não vai ter o nome para se apresentar como razoável candidato. Se for o Lula, pior ainda. Não tem liderança formada pela esquerda no Brasil. No nosso lado, da direita, tem bons nomes por aí, não vou citar nenhum nome deles, tem bons nomes, mas cada um dentro do seu partido deve cavar seu espaço. Então esses candidatos têm de começar a rodar pelo Brasil, fazer realmente o seu trabalho para ganhar a simpatia e a confiança da população. A maioria da população não quer outro nome da direita que não seja Jair Messias Bolsonaro e ponto final.”.