A estiagem que afetou a produção de grãos no Centro-Oeste e a redução na rentabilidade de grandes agricultores mais endividados refletiram diretamente na carteira de agronegócios do Banco do Brasil (BB), principal instituição financeira do setor.
Em apenas um ano, a inadimplência subiu de 0,7% em setembro de 2023 para 1,97% no mesmo período de 2024, ultrapassando o índice ideal estimado pelo banco, de 1,6%, conforme reportagem do portal Globo Rural.
Segundo Luiz Gustavo Braz Lage, vice-presidente de Agronegócios e Agricultura Familiar do BB, as dívidas estão concentradas em grandes produtores de soja localizados no oeste de Goiás e em Mato Grosso, envolvendo 210 agricultores que recorreram à recuperação judicial.
Juntos, eles acumulam um débito de R$ 1,1 bilhão com a instituição. Além disso, o saldo de operações prorrogadas pelo banco cresceu quase 80% entre janeiro e setembro, alcançando R$ 38,1 bilhões.
“É óbvio que preocupa, mas sempre soubemos que 0,5% [inadimplência em junho de 2023] não era um patamar realista para o crédito no agronegócio. Da mesma forma, 1,97% está um pouco acima do que esperávamos no nosso apetite a risco”, declarou Felipe Guimarães Prince, vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos do BB.
A instituição tem intensificado a orientação a produtores para evitar a adesão à chamada “advocacia agressiva” — abordagem de profissionais que sugerem o uso da recuperação judicial como estratégia para proteger o patrimônio. “É um cenário inédito no agronegócio. Existem métodos tradicionais para renegociar operações e aliviar a situação financeira”, pontuou Prince.
Os executivos do BB esperam que a inadimplência seja controlada com uma safra mais promissora e a adoção de estratégias rigorosas de cobrança. “Não há crise no agronegócio, mas todo ‘boom’ traz efeitos colaterais”, concluiu Prince. E mais: Estatal do pré-sal anuncia concurso para vagas de nível superior. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: Globo Rural)