O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim (foto), diz considerar que os ataques desse sábado (13) contra Israel são “gestos” que o Irã queria fazer e que, agora, tudo depende de como o governo de Benjamin Netanyahu vai responder.
Em entrevista ao UOL, o diplomata brasileiro considera que, na região, é “sempre difícil” avaliar quem iniciou a crise. Clique AQUI para ver na íntegra.
Mas, segundo ele, neste caso específico, o ataque iraniano era um resposta ao bombardeio contra o consulado de Teerã em Damasco, na Síria. “O Irã queria fazer um gesto”, afirmou, citando a importância que a Guarda Revolucionária Iraniana tem para a estrutura de poder em Teerã. No ataque contra o consulado, um alto militar da Guarda foi morto.
Ainda ontem (13) à noite, Ministério das Relações Exteriores declarou que está acompanhando o conflito entre Irã e Israel com “grave preocupação”, mas não condenou o ‘gesto’ nem criticou o Irã, como o fez dezenas de outras nações. Líderes do G7, por exemplo, condenaram o ataque do Irã contra Israel e reafirmaram o compromisso do grupo dos sete com a segurança de Israel.
“Desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã”, diz a nota publicada no site do Itamaraty (leia a íntegra mais abaixo).
Na nota, o governo petista fez um apelo para que as países exerçam “máxima contenção”, além de pedir para que a comunidade internacional mobilize esforços para tentar evitar uma escalada de tensão na região.
O Itamaraty disse estar monitorando a situação dos brasileiros na região desde 7 de outubro, quando o Hamas atacou Israel. O Ministério das Relações Exteriores ainda recomendou que não sejam realizadas viagens para a região e que os brasileiros que estiverem em algum dos países envolvidos no conflito sigam as orientações divulgadas pelas embaixadas brasileiras.
Por outro lado, o embaixador de Israel no Brasil se disse “desapontado” com a nota do Itamaraty sem condenar o ataque promovido pelo Irã. Foi em uma entrevista à Globo News, neste domingo (14). Ele também repetiu o posicionamento à CNN (veja abaixo).
“Não é a primeira vez que Irã está envolvido em ações contra Israel. Primeira vez que está fazendo isso de uma maneira direta, do território dela para o território israelense”, disse.
“Então, a expectativa é pelo menos ouvir qualquer condenação para esta coisa, em que aumentou o nível do envolvimento do Irã neste conflito que Israel está envolvido aqui no Oriente Médio. Infelizmente, não ouvimos nenhuma condenação nesta mensagem do Itamaraty. Isso é uma coisa [que nos deixa] um pouco desapontado, a palavra do Itamaraty”, continuou.
Na primeira entrevista após a crise diplomática entre Brasil e Israel – criada pelo comentário infeliz de Lula que comparou a guerra em Gaza com o genocídio nazista – o embaixador do país do Oriente Médio se disse “desapontado” com a falta de condenação do governo brasileiro ao… pic.twitter.com/TY0WUUaGuS
— Paulo Mansur (@paulomansur_) April 14, 2024
Íntegra da nota do Ministério das Relações Exteriores do governo Lula: “Governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria.
Desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o Governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã.
O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada.
Em vista dos últimos acontecimentos no Oriente Médio, o Ministério das Relações Exteriores orienta os brasileiros que evitem viagens não essenciais à região, em particular a Israel, Palestina, Líbano, Síria, Jordânia, Iraque e Irã e que os nacionais que já estejam naqueles países sigam as orientações divulgadas nos sítios eletrônicos e mídias sociais das embaixadas brasileiras.
O Itamaraty vem monitorando a situação dos brasileiros na região, em particular em Israel, Palestina e Líbano desde outubro passado.” E mais: Afastada do trabalho, ex-namorada de filho de Lula entrega prova de abusos à polícia. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução vídeo; Fontes: UOL; G1; CNN)