O presidente do Instituto Voto Legal (IVL), Carlos Rocha, disse que a versão que circula do relatório sobre urnas contratado pelo Partido Liberal, do presidente Jair Bolsonaro, é “obsoleta”, não foi validada por seus autores e não é a final. O texto, publicado primeiramente pelo site de notícias O Antagonista e pela Jovem Pan, afirma que o PL pedirá a anulação da eleição de 2022 com base no documento.
O engenheiro Carlos Rocha, presidente do Instituto Voto Legal, contratado pelo partido, emitiu nota para dizer que “o trabalho de fiscalização do PL termina em dezembro, está em andamento”. “Ainda não foi divulgada qualquer versão final de relatório, temos estudos em andamento. A versão publicada pelo Antagonista é obsoleta e não está assinada por ninguém”, afirmou.
Segundo o Antagonista, porém, embora o engenheiro classifique de “obsoleto”, “o documento publicado é datado dessa terça-feira 15 e foi compartilhado internamente na cúpula do PL e do governo de Jair Bolsonaro. Trata-se, portanto, de um documento real e atual, ainda que não seja a versão final — como, aliás, está estampado na primeira página”.
“Após a contratação do IVL para a fiscalização pelo PL, todo o trabalho realizado pelo IVL é CONFIDENCIAL e, se for divulgado, o será pelo PL. Até ser liberada a versão final, os documentos são classificados como PRELIMINAR.” E concluiu: “Não sei quem divulgou o relatório. Trata-se de um documento confidencial em construção, preliminar”.
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Entenda
O Partido Liberal (PL), do presidente Jair Bolsonaro, irá pedir a anulação das eleições de 2022. As informações foram divulgadas ontem (15) com exclusividade pela Jovem Pan, durante o programa Os Pingos nos Is, e pelo portal O Antagonista. Ambos veículos tiveram acesso ao documento a ser protocolado pelo PL. A ação, que ainda está sendo finalizada, leva em conta ao menos duas auditorias sobre urnas e questiona “parcialidade do TSE”.
O documento é assinado por Carlos Rocha, presidente do Instituto Voto Legal (IVL); seu vice Márcio Abreu, engenheiro eletrônico, e o membro associado Flávio Gottardo de Oliveira, engenheiro aeronáutico, ambos formados no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
A reclamação inicial é mau funcionamento das urnas eletrônicas antigas. Segundo os analistas, estudos estatísticos teriam identificado “interferência indevida nos percentuais de votação dos candidatos”. “Para encontrar evidências de que este grupo de urnas não teria funcionado corretamente, foi realizada uma análise inteligente dos dados contidos nos arquivos Log de Urna de todos os modelos de urna eletrônica, utilizados nas eleições de 2022.”
O documento do PL concluiu que: “os arquivos Log de Urna das urnas eletrônicas modelo UE2020 foram gerados corretamente, com o valor correto do código de identificação da urna eletrônica, o que garante a vinculação de cada arquivo Log de Urna com a respectiva urna física e o correto funcionamento da urna”.
Porém, afirma que a análise técnica “confirmou que todos os arquivos Log de Urna das urnas eletrônicas de modelos de fabricação diferentes do modelo UE2020, ou seja, modelos 2009, 2010, 2011, 2013 e 2015, exibem um valor espúrio no lugar do valor correto do código de identificação da urna eletrônica, tornando impossível vincular cada arquivo Log de Urna com a respectiva urna física”.
E concluiu: “Nesta perspectiva técnica, não é possível validar os resultados gerados em todas as urnas eletrônicas de modelos 2009, 2010, 2011, 2013 e 2015, resultados estes que deveriam ser desconsiderados na totalização das eleições o segundo turno, em função do mau funcionamento destas urnas.”