O monumento ao Papa João Paulo II em Lodz, no centro da Polônia, foi profanado nessa sábado (1) à noite, data do seu 18º aniversário de morte. Segundo as autoridades locais, o monumento, que fica em frente à catedral, estava parcialmente manchado com tinta vermelha e amarela.
Também foi pichada em branco a frase ‘Máxima Culpa’, que é título do livro recentemente publicado por um correspondente holandês que vive na Polônia, Ekke Overbeek, segundo o qual Karol Wojtyla teria encoberto os sacerdotes de sua diocese culpados de abuso sexual de menores, enquanto atuava como cardeal de Cracóvia.
Insensato atto vandalico a Lodz,in Polonia,contro papa Giovanni Paolo II. Nell’anniversario della sua morte,la notte scorsa, alcuni sconosciuti hanno profanato il monumento a lui dedicato con vernice rossa e gialla:la statua a Wojtyla si trova davanti alla cattedrale locale. pic.twitter.com/cq6K1HF8Mv
— Franco Scarsella (@FrancoScarsell2) April 2, 2023
Os agentes de segurança retiram amostras de tinta do monumento e fizeram moldes das marcas de sapato deixadas pelos criminosos no pedestal. Os vídeos de vigilância serão verificados, mas parece que as câmeras estão apontadas para a entrada da catedral e não para o monumento.
O partido de Jaroslaw Kaczynski, líder partido nacionalista conservador ‘Lei e Justiça’, se manifestou recentemente contra o livro, bem como contra o programa do canal de TV privado criado por Maciej Gutowski com a mesma acusação
Em vista das eleições gerais do próximo outono, “marchas nacionais em defesa do papa” foram organizadas hoje em várias cidades da Polônia. Em Varsóvia, cerca de 40.000 pessoas participaram, com bandeiras do Vaticano e da Polônia.
Livro
No livro, o autor Ekke Overbeek remonta ao tempo em que, como Karol Wojtyla, o futuro papa serviu como arcebispo de Cracóvia entre 1964-1978. Baseia-se nos arquivos da polícia secreta comunista da Polônia e em conversas com vítimas e testemunhas de abuso sexual.
O trabalho editorial diz que João Paulo não apenas sabia sobre o abuso infantil em sua arquidiocese, mas também ajudou a encobri-lo transferindo padres envolvidos de uma paróquia para outra, incluindo pelo menos dois que foram condenados por abuso de menores e cumpriram pena na prisão.
Embora muitas pessoas na Polônia tenham dito que as acusações deveriam levar a uma reavaliação do legado de João Paulo II, muitos conservadores religiosos condenam o que veem como uma conspiração da esquerda para desacreditar uma figura que está no centro da identidade da nação.
Na Polônia, onde 85% da população se declara católica, João Paulo, que foi declarado santo pelo Papa Francisco em 2014, também é visto como um líder que contribuiu para a queda do comunismo no país em 1989.
Na década de 1980, a Igreja era uma voz de liberdade na Polônia: o papa João Paulo II ganhou status de ícone por inspirar as pessoas a se levantarem contra o regime comunista. Os párocos abrigaram ativistas antigovernamentais e ajudaram a distribuir alimentos e jornais clandestinos.
Fonte: Ansa; Reuters
Foto: reprodução redes sociais
