Após citar aplicativo dos Correios para substituir Uber, Ministro do Trabalho agora desconversa

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Em debate na Câmara dos Deputados sobre o projeto de ‘regulamentação’ da atividade de motorista por aplicativo, o Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, recuou após chegar a dizer que chamaria os Correios para substituir a Uber, no caso da empresa deixar o Brasil.

“Posso chamar os Correios, que é uma empresa de logística, e dizer para criar um aplicativo e substituir. Aplicativo se tem aos montes no mercado.”, disse Marinho em fevereiro.

Passados alguns meses, porém, parece que o ministro percebeu que a estatal de entrega eventualmente teria dificuldades para realizar a tarefa.

Na audiência pública na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados, na manhã desta quinta-feira (25), Marinho disse que nunca mandou a gigante ir embora do Brasil e que apenas ‘provocou’ os Correios. “Eu propus, eu provoquei os Correios. Mas os Correios, na minha… Bom, deixa pra lá o que eu acho dos Correios”, afirmou o Ministro do Trabalho nesta quinta-feira (25). Assista abaixo!

 

A audiência
Representantes da Uber, do 99, do Indrive e de associações e sindicatos ligados ao segmento também participaram da audiência, proposta pelo deputado federal Josenildo (PDT-AP).

Há duas semanas, o governo recuou e desistiu de manter o pedido de urgência na tramitação do PLP 12/2024. Isso porque matérias que tramitam em regime de urgência constitucional precisam ser apreciadas em até 45 dias, ou passam a trancar a pauta.

Antes de chegar ao plenário, três comissões precisam analisar o projeto: além da Comissão de Indústria, Comércio e Serviço; o texto segue para a Comissão de Trabalho, e por fim, para a Comissão de Constituição e Justiça.

MEI “não rola”
Luiz Marinho afirmou que não há negociação para que a regulamentação dos motoristas de aplicativos seja feita através do MEI — sistema que cadastra os Microempreendedores Individuais.

“O MEI não tem negociação. Se vocês me permitem, esqueçam o MEI, não vai rolar. Se depender do governo, MEI não rola, se não ficamos nos enganando. Não rola porque não tem sustentabilidade”, afirmou Marinho.

“O MEI Caminhoneiro, por exemplo, a tarifa é maior, é 12%, e o trabalhador não contribui. O trabalhador tem que contribuir para dar sustentabilidade à Previdência”, justificou o ministro.

O MEI Caminhoneiro, criado em 2021, é destinado a transportadores autônomos de cargas com o intuito de reduzir a informalidade no setor. Porém, o valor de receita anual permitida para caminhoneiros autônomos é de R$ 251 mil. Uma média mensal de R$ 20.966 — diferente da adotada para o restante das atividades vinculadas ao MEI.

O ministro alegou que, apesar de ser visto como um trabalho independente, é preciso regulamentar. “Não existe uma coisa tão liberal que não haja regulamentação. Então, a regulamentação é necessidade.”

Agendado
O projeto de lei apresentado pelo governo federal para regulamentar o trabalho de motoristas de carro por aplicativo deve ser votado pelo Câmara dos Deputados na semana de 12 de junho. O anúncio foi feito pelo próprio ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, nesta quinta-feira (25).

“Eu fui negociar com o presidente [da Câmara dos Deputados Arthur] Lira a retirada da urgência. O governo não pode simplesmente retirar a urgência e ponto. É preciso combinar um ritual de tramitação deste projeto, senão entra no vale dos 60, 70 PLs que estão tramitando hoje na Casa e não chegam a lugar nenhum”, afirmou Marinho.

“O calendário negociado com o presidente Lira é que na semana de 12 de junho este projeto precisa estar preparado para entrar no plenário. Até lá, três comissões precisam analisar esse projeto”, disse o ministro.

Expectativas frustradas
O vereador da Câmara Municipal de São Paulo Marlon Luz (MDB), ex-motorista de aplicativo e conhecido como Marlon do Uber, disse na audiência que a categoria defende uma regulamentação, mas a versão do governo não atendeu às expectativas.

Ele afirmou que, para os motoristas, o valor mínimo da hora trabalhada previsto no texto (R$ 32,10) poderá virar o teto pago por aplicativos. A remuneração por quilômetro rodado e um mínimo de R$ 10 por corrida agradam mais, explicou.

O presidente da Associação de Motoristas Particulares Autônomos do Rio de Janeiro (Ampa-RJ), Denis Moura, alertou que o mínimo sugerido pelo governo deixou de lado vários custos – com seguros, manutenção e despesas diversas.

Denis Moura também criticou o fato de o Ministério do Trabalho ter consultado apenas sindicatos e empresas. “Em 2017, quando quiseram acabar com a nossa profissão, não havia sindicatos, quem reagiu foram as associações”, lembrou.

Durante o debate, o diretor-executivo da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), André Porto, informou que os aplicativos defendem a regulamentação da categoria. Ele representava também as empresas Uber e 99.
“O PLP 12/24 traz pontos positivos que o tornam, no nosso entendimento, um projeto equilibrado”, disse André Porto. Segundo ele, há avanços em relação à segurança jurídica. “Cabe ao Congresso avaliar eventuais melhorias”, afirmou. E mais: Arthur Lira alerta Ministro do Trabalho sobre imposto sindical: “não tem respaldo”. Clique AQUI para ver. (Foto: Agência Câmara; Fontes: Metrópoles; CNN; Veja; Agência Câmara)

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