Apenas 14% dos filiados da Fiesp assinaram o manifesto “em defesa da Democracia e da Justiça” lançado pela entidade paulista. Dos 131 sindicatos, somente 18 estão entre aqueles que atestaram o documento. As informações são do portal político Poder360 divulgadas nessa sexta-feira (6). Já segundo o jornal Estado de São Paulo, também em edição nessa sexta-feira (5), “a assinatura ou não da carta não foi consenso entre entidades do setor”.
O manifesto da Fiesp foi publicado na edição desta sexta-feira em jornais de grande circulação e pede a “estabilidade democrática”, o “respeito ao Estado de Direito” e o desenvolvimento como o “sentido maior” do 7 de Setembro deste ano. O texto também reitera um compromisso com “a soberania do povo brasileiro expressa pelo voto”, a “independência dos Poderes” e a “importância do Supremo Tribunal Federal (STF)”.
A carta da Fiesp não é o mesmo documento elaborado pela Faculdade de Direito da USP, que recebeu cerca de 700 mil assinaturas digitais. Já o manifesto pela democracia lançado pelo Movimento Advogados de Direita já beira as 800 mil assinaturas (clique aqui para ver).
Ainda de acordo com o Estadão, a adesão do setor à carta não foi consenso. Lideranças do agronegócio afirmam que o principal receio para assinatura foi quanto ao “tom político” e possíveis embaraços que podem ser gerados junto ao governo federal, que sempre trabalhou em defesa do setor e da liberdade econômica.
A reportagem do Estadão apurou também que a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a Croplife Brasil, que representa indústrias de sementes e defensivos, e a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) foram procuradas, mas não assinaram o documento.
Já o Poder360 afirmou que a Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), que representa diretamente mais de 8.000 empresários, foi formalmente convidada e ainda não assinou o manifesto da Fiesp. O tema está sendo discutido internamente, diz o portal.
Também pode ter pesado o fato de, mesmo diante de pandemia e guerra, o governo federal ter atuado sempre por mais liberdade econômica (já em 2019 o governo aprovou o Marco da Liberdade Econômica) e pela redução do IPI, inclusive tendo de resolver a questão juridicamente no STF. O ministro Guedes já afirmou que seu objetivo é zerar o imposto que, segundo ele, atrasou a industrialização brasileira.
Já entre as organizações que apoiaram o manifesto da Fiesp estão a CUT, a OAB, o Greenpace, o Instituto Sou da Paz, a Força Sindical, a USP, a Unesp, a UNE, a PUC, a CTB, a Intersindical, o Instituo Mariele Franco, entre outros. Clique aqui para ler a íntegra do documento e aquelas instituições que o endossam.
Sobre a Fiesp
É a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a maior entidade de classe da indústria brasileira. Representa cerca de 130 mil indústrias de diversos setores, de todos os portes e das mais diferentes cadeias produtivas.
Atualmente, seu presidente é o empresário Josué Gomes da Silva, dono da indústria têxtil Coteminas. Ele foi eleito em julho de 2021, tomou posse em janeiro de 2022 e deve comandar a instituição até 2025. Foi apoiado por Paulo Skaf, presidente da federação por 17 anos.
O atual comandante da Fiesp é filho de José Alencar, fundador da Coteminas e vice-presidente do Brasil durante os dois mandatos de Lula (2003-2011). Alencar morreu aos 79 anos, em março de 2011, em decorrência de um câncer.