A Justiça de São Paulo condenou dois estudantes a pagar uma indenização de R$ 20 mil ao professor Serguei Popov, da Unicamp, em Campinas (SP). A informação é da coluna Rogerio Gentile, do portal UOL.
O caso remonta a 2016, quando, durante uma greve, um grupo de alunos invadiu a sala de aula do Instituto de Matemática, impedindo Popov, um russo naturalizado brasileiro, de continuar sua lição.
A descrição do ocorrido, conforme a reportagem, detalha que os alunos interromperam a aula com gritos, slogans e uma batucada. Apesar dos esforços de Popov para prosseguir com a explanação, um dos estudantes apagou todo o conteúdo escrito na lousa. Clique AQUI para ver o vídeo da época.
O incidente foi registrado em vídeo, que rapidamente se espalhou pela internet. Na ação judicial contra os estudantes, Popov alegou que a atitude dos alunos foi um desrespeito tanto a ele quanto aos colegas que desejavam participar da aula.
“Houve patético deboche”, testemunhou na Justiça. A greve era um protesto contra os cortes orçamentários na universidade e a falta de políticas de cotas étnico-raciais na época. O professor argumentou que não se pode aceitar que grevistas forcem a paralisação de quem não quer participar, além de afirmar ter sido alvo de ataques online, sendo “ridicularizado publicamente”.
Desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo condenaram os estudantes, juntamente com o Diretório Central dos Estudantes. Eles ainda têm direito a recurso.
Outros estudantes envolvidos no processo foram absolvidos devido à falta de provas. “Os fatos evidenciam que, inegavelmente, houve interrupção coercitiva da atividade praticada pelo autor do processo, que foi submetido a situação vexatória perante os demais estudantes presentes”, declarou o desembargador relator do caso.
Na defesa, os estudantes alegaram que o processo de Popov era uma tentativa de impor uma posição antigreve e uma perseguição política contra líderes do movimento negro e estudantil. Eles negaram responsabilidade pelas publicações online contra o professor e afirmaram que não cometeram atos de agressão ou ameaça.
Argumentaram que não houve interrupção de aula, dado que a greve foi aprovada por três categorias (alunos, professores e funcionários).
Eles sugeriram que Popov estava “fingindo dar aula” e que o episódio foi uma “armadilha” para expor os líderes da greve, já que ele usava fones de ouvido, “demonstrando nenhuma interação pedagógica com o ambiente ‘de aula'”. “Aliás, sequer tinha ali, naquele momento, alunos para assistir à aula”, finalizaram na ação. (Foto: reprodução vídeo; Fonte: UOL)