A Alpargatas, empresa dona da marca Havaianas, registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 21 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo lucro de R$ 303,1 milhões registrado um ano antes, informou a fabricante nessa quinta-feira (9).
No trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente da Alpargatas ficou em R$ 152,6 milhões, 15,2% menor na mesma base comparativa anual, com queda de 3 pontos porcentuais na margem.
Como resultado, nesta sexta-feira (10), as ações da desabaram, e os papéis fecharam a sessão em queda de 18,68%, a R$ 9,58, após chegarem a cair mais de 20% no intraday.
Segundo o documento de divulgação dos resultados da empresa, esse prejuízo reflete a queda de volume no Brasil e o aumento das despesas comerciais e de marketing. O Ebitda societário registrou R$ 47 milhões, o que representa uma queda de 72%.
“Nossa performance operacional desapontou. Os desafios de custos e operações pressionaram os resultados financeiros, que ficaram abaixo das nossas expectativas. Viemos de um 2021 com crescimento robusto de volume nos nossos principais mercados, projetávamos restrição de capacidade fabril e começávamos a enfrentar pressão nas margens, com a escalada dos custos de matéria-prima”, disse a empresa em um comunicado, ressaltando o fato de ter terminado 2022 com suas principais vantagens competitivas preservadas.
Também no balanço, a Alpagartas informou R$ 6,7 milhões a receber da Americanas. O valor diverge dos R$ 2,2 milhões que constavam na lista de credores da rede varejista em processo de recuperação judicial, divulgada em 25 de janeiro.
A Alpagartas foi fundada em 1907, com o nome original de Fábrica Brasileira de Alpargatas e Calçados, pelo escocês Robert Fraser, oriundo da Argentina, em associação com uma indústria inglesa. Ele iniciou suas produções no bairro da Mooca, em São Paulo. Robert também havia criado fábricas de Alpargatas na Argentina e no Uruguai.
Já em 1909, a empresa – com o nome de São Paulo Alpargatas Company S.A. – encontrava o sucesso na venda de seus produtos graças à utilização das sandálias e lonas na produção cafeeira.
Na década de 1930, o controle acionário da São Paulo Alpargatas foi transferido para a empresa argentina. No entanto, em 1982, após um gradativo processo de nacionalização do capital iniciado em 1948, a São Paulo Alpargatas deixou de ter participação argentina e passou para ao controle do Grupo Camargo Corrêa, seu maior acionista.
Superando inúmeras dificuldades ao longo dos cem anos, a companhia tornou-se uma das maiores indústrias calçadistas do Brasil. Em 2017, as empresas Cambuhy Investimentos e Brasil Warrant, ambas de propriedade da família Moreira Salles, e a holding Itaúsa fecharam a compra da Alpargatas por 3,5 bilhões de reais.