Pela segunda vez na história, o Brasil é campeão mundial no atletismo. Alison dos Santos, aos 22 anos de idade, derrotou o recordista mundial Karsten Warholm e o americano Rai Benjamin para levar a medalha de ouro nos 400m com barreiras masculino em Eugene, nos EUA, em 19 de julho de 2022, com tempo de 46s29, sua melhor marca e recorde do campeonato.
O velocista paulista é o segundo representante do Brasil a conseguir uma medalha de ouro em um Mundial de Atletismo. Antes dele, apenas Fabiana Murer, do salto com vara, conseguiu o feito. O país tem agora 14 medalhas na história do campeonato, seis delas de prata e outras seis de bronze, além dos ouros de Piu e Murer.
Medalhista de bronze em Tóquio 2020, Alison teve uma ascensão meteórica nos últimos quatro anos. Uma evolução que é coroada após uma temporada perfeita, invicto em todas as provas que disputou. Ele repete o feito de Fabiana Murer, brasileira campeã mundial no salto com vara em 2011.
“Sabe quando você sonha com uma coisa e acorda todos os dias da sua vida, sabendo o que tenho que fazer para alcançar essa vitória, o lugar mais alto do pódio e melhorar meu resultado. Falar é fácil, o negócio é vir fazer. A gente estava treinando bem e sabia o que fazer”, disse Alison ao Sportv. Dedicando a vitória à sobrinha recém-nascida, o corredor afirmou que é “uma sensação muito boa alcançar o topo do mundo”.
Na zona mista, Alison ressaltou a importância do seu resultado em seu país. “Quero abrir as portas para os brasileiros, porque sou o primeiro cara a ganhar o Mundial. É muito incrível fazer todo mundo ver que eles podem vir ao Mundial e ganhar, que não é impossível.”
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Quem vê o jeito descontraído de Alison dos Santos nas pistas e entrevistas talvez não imagine que ele passou por um grande trauma quando bebê: uma panela com óleo quente caiu em seu corpo aos 10 meses de idade, deixando uma cicatriz em sua cabeça. Foram meses no hospital, mas Alison sobreviveu e continuou sua jornada que culminaria nesta noite em Eugene.
“Não tinha nem um ano de idade e já estava passando dificuldades. Em certos momentos, tive que crescer rápido. Meus pais me ensinaram muita coisa, que você precisa ser comprometido com o que faz. Só que também pode se divertir enquanto faz isso. Tem que ter essa maturidade de entender as coisas”, disse Alison ao Olympics.com em junho.
Alison nasceu em São Joaquim da Barra, no interior do estado de São Paulo e inicialmente praticava judô. No entanto, sua altura de 2 metros acabou sendo mais vantajosa no atletismo. Ele se destacou cedo nos 400m rasos e com barreiras.
Aos 19 anos, Alison estourou no cenário mundial, vencendo o Pan-Americano Lima 2019 e a Universíade. No Mundial de 2019, ele ficou na sétima posição, a 0.25 do pódio. “Se você me falasse em 2018, como imagina sua vida? Eu queria ir pro Mundial juvenil e brigar por alguma coisa. Em 2019, pelo Pan juvenil, nem sonhava chegar no Pan adulto. Queria fazer o índice Olímpico para sentir a energia dos Jogos Olímpicos. Ganhamos o Pan e fizemos final do Mundial em 2019 e depois disso tudo era possível. Mas não competi em 2020 por causa da pandemia, então não sabia como estava minha forma. Não imaginava brigar por medalha. Mas assim que voltamos, comecei a sonhar com 46. A gente evoluiu muito rápido”, contou Alison.