As ações do Banco do Brasil abriram em forte queda nesta sexta-feira (16), registrando uma desvalorização superior a 12% nos primeiros negócios do dia. A reação negativa do mercado ocorreu após o banco estatal divulgar um resultado bem abaixo das expectativas e suspender projeções financeiras relacionadas a 2025.
Às 11h35, os papéis da instituição recuavam 11,80%, cotados a R$ 25,92, liderando as perdas do Ibovespa, que cedia 1,04% no mesmo horário.
Em relatório, o BTG Pactual resumiu o sentimento com a expressão: “pior do que se temia”. O banco apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões no primeiro trimestre, queda de 20,7% em relação ao mesmo período de 2023. O resultado veio muito abaixo da média das previsões compiladas pela LSEG, que apontava para R$ 9,23 bilhões.
A piora no desempenho foi atribuída, segundo o BB, a dois fatores principais: o avanço inesperado da inadimplência na carteira do agronegócio e a aplicação de novas normas contábeis. A taxa de inadimplência do setor agropecuário saltou para 3,04%, ante 2,45% no quarto trimestre e 1,19% um ano antes.
A margem financeira bruta caiu 7,2% na comparação anual, ficando em R$ 23,9 bilhões. Além disso, houve uma elevação de 10,7% nas despesas previstas e um tombo de 35,3% na recuperação de créditos.
Durante teleconferência com analistas, o vice-presidente de gestão financeira do BB, Geovanne Tobias, reconheceu que os dados de abril ainda indicam persistência da inadimplência no campo.
No entanto, ele demonstrou otimismo: “medidas de judicialização, protesto e cobrança, aliadas à geração de renda maior no campo por safra recorde, devem conseguir controlar a inadimplência no agro no segundo semestre”.
O cenário negativo não se restringiu ao setor rural. Entre pessoas físicas, o índice de atrasos acima de 90 dias subiu para 5,10%, frente a 4,66% no final de 2023 e 4,77% um ano antes. Já nas empresas, a inadimplência atingiu 4,06%, contra 3,51% em dezembro e 3,19% no primeiro trimestre de 2023.
Diante do resultado fraco, o Bradesco BBI rebaixou a recomendação das ações do BB para “neutra”, apontando que “as preocupações com a qualidade dos ativos aumentaram, com deterioração de todos os segmentos”.
Por outro lado, o BTG manteve a recomendação de compra, destacando que o atual preço das ações pode representar uma oportunidade, embora tenha alertado que, com as novas regras contábeis, o retorno sobre o patrimônio (ROE) do banco dificilmente se manterá acima de 20% de forma consistente. E mais: Brasil registra menor número de nascimentos em 45 anos, aponta IBGE. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: Folha de SP)
Resumo:
Queda das ações do BB supera 12%
Lucro líquido ajustado caiu 20,7% no 1º trimestre
Resultado abaixo das expectativas (R$ 7,37 bi vs R$ 9,23 bi esperados)
Inadimplência no agro subiu para 3,04%
Margem financeira bruta caiu 7,2%
Suspensas projeções financeiras para 2025
Inadimplência também cresceu em PF (5,10%) e PJ (4,06%)
Bradesco BBI rebaixou recomendação das ações
BTG manteve recomendação de compra, mas com ressalvas sobre o ROE