Acampamentos em frente aos quartéis foram determinantes para Lula demitir general do Exército

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Em entrevista ao Jornal o Globo, nesse domingo (22), o ministro da Defesa, José Múcio, deu mais explicações a respeito da demissão do comandante do Exército. Segundo ele, já “não havia mais clima” entre Lula (PT) e o general Júlio César de Arruda. Um dia antes da exoneração, Lula teve reunião de quase três horas com os militares, incluindo Arruda.

Em detalhes ao Globo, Múcio explicou que convocou o general, então comandante do Exército, para uma conversa no sábado de manhã (22). Os dois tiveram um papo ‘duro e objetivo’. Múcio disse que, apesar de gostar de Arruda, seria preciso dar um novo rumo para a caserna, porque sentia que “não havia um envolvimento absoluto” do militar com o governo petista, segundo o relato de pessoas próximas.

Segundo Múcio, o general se mostrou surpreso com a demissão e, pouco tempo depois, comunicou a situação ao Alto-Comando da Força, sem dar detalhes do motivo da sua saída precoce.

Ainda na entrevista, o Ministro explicou que o motivo principal foram os acampamentos em frente aos quarteis pelo Brasil. “Houve os acampamentos dos quartéis. Por mais que nos esforçássemos, aquela não era uma situação resolvida. Depois, veio o 8 de janeiro, que criou muito problema. Foi um ato de vândalo misturado com terrorismo com suspeita de incitação ao golpe. Precisamos saber quem são os culpados. Evidentemente, o Exército não estava por trás daquilo, mas precisa punir as pessoas das Forças que estavam envolvidas naquilo e saber quem ajudou a depredar”.

Diz a imprensa que foram identificados três membros do Exército e um oficial da Marinha e um ex-cabo da Aeronáutica.

Segundo reportagem, Lula nunca “digeriu” o fato de Arruda ter sido contra a prisão imediata daqueles que invadiram as sedes dos Poderes em 8 de janeiro e estavam alojados em um acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.

“O general alegava que havia mulheres e crianças no local que poderiam ser vítimas de um eventual confronto com a Polícia Militar. Essa postura irritou o presidente e ministros do governo, que passaram a pressionar o ministro da Defesa”, explica o Globo.

Disse Múcio sobre esse fato: “O presidente quer investir nas Forças Armadas. Mas ele não perdoou nem vai perdoar a ocupação dos acampamentos em frente ao Exército. Ele quer a apuração absoluta”.

Segundo o Globo, Arruda era visto como uma pessoa alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro e, por isso, enfrentava desconfianças de integrantes do governo e até do Judiciário antes mesmo de ser escolhido por critério de antiguidade para assumir o comando do Exército, em 30 de dezembro.

A ‘desconfiança’ era tanta que, em dezembro, de forma ‘transparente’, Múcio confessou que buscou consentimento de Alexandre de Moraes para nomear Arruda: “Eu fui ao Alexandre de Moraes (ministro do Supremo Tribunal Federal) dizer que me responsabilizava pela escolha. Tenho absoluta certeza que fiz o certo. Arruda é uma pessoa comprometida com o Exército, oficial da Arma de Engenharia, respeitado por todos”, afirmou Mucio à Globonews.

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