De acordo com reportagem publicada hoje (8/4) pelo jornal Folha de São Paulo, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) descobriu a presença de um espião da Rússia em atividade no Brasil, que se fazia passar por membro do corpo diplomático da embaixada de seu país em Brasília. Clique AQUI para ver na íntegra.
Serguei Alexandrovitch Chumilov (foto) deixou o Brasil após o setor de contrainteligência da Abin identificá-lo como espião de um dos serviços russos de inteligência. Sua função era cooptar brasileiros para atuarem como informantes.
A reportagem também menciona que a atividade de Chumilov foi confirmada por funcionários do Ministério das Relações Exteriores e de outras áreas do governo. Ao ser questionada, a Abin informou que não nega nem comenta casos de contraespionagem. O Itamaraty afirmou que monitora, porém “não comenta publicamente casos dessa natureza por seu caráter sigiloso”. A embaixada da Rússia em Brasília não se manifestou sobre o assunto.
Chumilov ingressou no Brasil em 2018, de acordo com informações do Itamaraty, para exercer o cargo de primeiro-secretário na embaixada na capital federal. Além disso, ele se apresentava como representante da Casa Russa no Brasil (Russky Dom), vinculada à agência federal russa Rossotrudnichestvo.
Rossotrudnichestvo é a agência responsável por “assuntos de colaboração com a comunidade de Estados independentes, compatriotas no estrangeiro e cooperação humanitária internacional”, e está subordinada ao Ministério de Assuntos Exteriores da Rússia, liderado por Serguei Lavrov, que visitou o Brasil e se encontrou com Luiz Inácio Lula da Silva em fevereiro.
A saída do espião do Brasil, em julho de 2023, ocorreu a pedido do governo russo. Relatos obtidos pela Folha indicam que, após a descoberta de sua verdadeira atividade pela Abin, houve uma articulação diplomática para que o próprio país solicitasse sua partida. Normalmente, esses procedimentos são conduzidos com discrição para evitar “constrangimentos diplomáticos”, conforme explicaram integrantes do Itamaraty.
Entre os métodos utilizados pelo espião russo para recrutar informantes no Brasil estavam bolsas de estudos e programas de intercâmbio na Rússia, como forma de atrair estudantes e acadêmicos de áreas específicas.
Dada a sensibilidade diplomática do assunto, as autoridades brasileiras seguem um protocolo confidencial para que o país envolvido retire o suspeito do Brasil sem prejudicar as relações bilaterais.
“Meu nome é Serguei Chumilov, sou diretor da representação da agência governamental russa, o nome é um pouco complicado para brasileiros e estrangeiros, o nome completo é Rossotrudnichestvo. Mas o segundo nome é Casa Russa. O foco principal da nossa agência é a promoção da agenda humanitária da Rússia. Então trabalhamos com promoção da cultura russa, com conteúdos russos e, também, um dos pilares principais da nossa agência é a promoção da educação”, afirma. Assista abaixo a Serguei Chumilov se passando por diplomata em Brasília.