Lula se reuniu nessa segunda-feira (29) com deputados do Parlamento Europeu em São Paulo (SP). No discurso em um hotel na capital paulista, o candidato ao Palácio do Planalto defendeu a soberania brasileira sobre a Amazônia. A missão ao Brasil, Chile e Argentina de membros do grupo social-democrata no Parlamento Europeu foi liderada por Iratxe Garcia, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).
“O Brasil pretende construir parcerias com muitos países, embora o Brasil seja o dono do território da Amazônia, a Amazônia é de interesse e sobrevivência da humanidade e, portanto, todos têm responsabilidade para ajudar a cuidar da Amazônia”, afirmou o candidato do PT.
Curiosamente, isso sempre foi o que defendeu o atual governo federal. Por diversas vezes, Bolsonaro sempre reafirmou a soberania nacional na questão amazônica, principalmente no momento da ingerência do presidente da França, Emmanuel Macron, que chegou a declarar que a floresta é patrimônio mundial. Entretanto, nos últimos quatro anos, a imprensa brasileira criticou o presidente por esse mesmo discurso.
O atual ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, também cobrou em novembro do ano passado, em entrevista durante a COP26, que países ricos contribuam com mais dinheiro para financiar ações contra as mudanças climáticas em nações em desenvolvimento, o mesmo discurso que Lula agora usa, mas com olhos emocionados da imprensa.
Lula ainda diz ser possível extrair da biodiversidade do bioma o suficiente para “sustentar quase 30 milhões de brasileiros”, o que corrobora o que sempre defendeu o ex-ministro do meio-ambiente Ricardo Salles. À frente da pasta por quase três anos, Salles sempre alertou das dificuldades passadas pela população local por conta das legislações que impedem qualquer tipo de exploração sustentável na região. Como disse o petista, são 30 milhões de brasileiros vivendo em dificuldade por amarras que impedem o desenvolvimento da região. A essa multidão, o desmatamento e a venda ilegal de madeira tornam-se a única fonte de sobrevivência no meio de uma floresta completamente carente de desenvolvimento.
No encontro, quando Lula diz “o Brasil precisa compartilhar pesquisas para descobrir tudo o que há de rico naquela região. O Brasil não vai se fechar. O Brasil pretende fazer parcerias com muitos países”, a frase estaria estampada em todos os veículos de imprensa com ataques e distorções, caso fosse dita pelo atual presidente.
Lula disse que, se eleito, promoverá o desenvolvimento de pesquisas nas áreas de produtos farmacêuticos e cosméticos que utilizam produtos amazônicos. “Ficará muito claro, se eu ganhar as eleições, que o Brasil precisa da ajuda da UE. Precisamos de parceria, seja investimento, intercâmbio científico e tecnológico ou participação na construção de um mundo efetivamente limpo”, disse.
Por fim, no dia seguinte ao encontro, Lula afirmou em entrevista à rádio Mais Brasil, de Manaus: “A gente não quer transformar a Amazônia em um santuário da humanidade. Primeiro a gente tem que levar em conta a quantidade de pessoas que moram no Estado, que moram na Amazônia, que moram na região de florestas, e essas pessoas têm que viver dignamente”.
Em dois dias, Lula defendeu a mesma coisa que sempre defendeu o atual governo federal. Com a diferença é que, agora, a imprensa acha “bonito”.