Durante entrevista ao Jornal da Record gravada nesta quinta-feira (10), no Palácio da Alvorada, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria arcar com as consequências da decisão de Donald Trump de taxar em 50% os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.
“O ex-presidente da República deveria assumir a responsabilidade, porque ele está concordando com a taxação do Trump”, afirmou Lula. A declaração se insere numa estratégia do Palácio do Planalto de vincular a medida de Trump ao bolsonarismo.
Segundo Lula, a influência de Bolsonaro junto ao presidente norte-americano foi determinante. “Foi o filho dele [Eduardo Bolsonaro] que foi lá fazer a cabeça do Trump”, disse o presidente. O deputado federal licenciado, que está atualmente nos Estados Unidos, reconheceu que teve participação na articulação e chegou a comemorar publicamente a decisão do republicano.
Na avaliação de auxiliares do governo, a taxação drástica acaba favorecendo o discurso em defesa da soberania brasileira e deslegitima os opositores que aplaudem a medida estrangeira. “Nós queremos que ele respeite o Brasil”, frisou Lula, referindo-se a Trump. “Eles têm que respeitar a Justiça brasileira como eu respeito a americana.”
O presidente também voltou a destacar que a resposta brasileira seguirá os termos da Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada recentemente. Ele criticou, ainda, a forma informal pela qual a medida foi comunicada: “Achei que o material do presidente Trump era um material apócrifo, porque não é costume você mandar correspondência para outro presidente através do site.”
Por fim, Lula reforçou que o Brasil é um país independente e com longa trajetória de relações comerciais com os Estados Unidos.
“Se o presidente Trump conhecesse um pouquinho o Brasil, teria mais respeito”, concluiu, acrescentando que o norte-americano demonstra desconhecimento sobre os mais de dois séculos de intercâmbio entre as duas nações. (Foto: Palácio do Planalto; Fonte: UOL)
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