O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal ouça os advogados Fábio Wajngarten e Paulo Cunha Bueno no prazo de cinco dias.
A decisão foi tomada após o envio de novos documentos pela defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e colaborador da Justiça.
Segundo Moraes, haveria indícios de que integrantes da equipe de defesa do ex-presidente Bolsonaro (PL) possam ter tentado dificultar as investigações relacionadas à tentativa de um golpe de Estado.
Os materiais entregues por Cid à PF contestam declarações feitas por Eduardo Kuntz, advogado de Marcelo Câmara — ex-assessor de Bolsonaro atualmente preso sob suspeita de atrapalhar as investigações. Kuntz declarou ao STF que foi ele quem trocou mensagens com Cid por meio das redes sociais, em conversas reveladas pela revista Veja.
No entanto, a defesa de Cid contradiz essa versão, afirmando que foi Kuntz quem “procurou insistentemente” a filha do delator via WhatsApp. As mensagens, entregues às autoridades, indicariam uma tentativa de convencê-la a apagar conversas e organizar um encontro com o pai em local considerado “seguro e confortável”.
A mesma defesa também acusa Kuntz e Bueno de se aproximarem da mãe de Cid, Agnes, em eventos da Hípica de São Paulo, com o objetivo de convencer a família a mudar a estratégia de defesa adotada pelo tenente-coronel.
Já Wajngarten, que se afastou formalmente da defesa de Bolsonaro em julho de 2023, teria tentado entrar em contato com a esposa e a filha de Cid em diversas ocasiões, segundo o documento apresentado à PF.
Para Moraes, “as condutas narradas à autoridade policial indicam a prática, em tese, do delito de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa”. Além dos depoimentos, a PF também foi autorizada a coletar e analisar os dados extraídos do celular da filha de Cid.
Após a repercussão, Eduardo Kuntz afirmou à CNN que os contatos com a família de Cid ocorreram por causa de um campeonato de equitação em que a filha do militar participaria.
“A gente tinha convivência pelo mundo do cavalo. Enquanto ele estava preso, eu consegui conversar com algumas pessoas para conseguir uma vaga para a filha dele participar de um concurso de equitação. Não tenho por que negar isso, mas nada relacionado a ele ou ao processo”, declarou.
Já Fábio Wajngarten usou as redes sociais para comentar a decisão de Moraes: “Recebo com tranquilidade a notícia de que terei que prestar depoimento em inquérito policial. A criminalização da advocacia é a cortina de fumaça para tentar ocultar a expressa falta de voluntariedade do réu delator Mauro Cid e a consequente nulidade da colaboração. Causa indignação e não surpresa que a decisão do Ministro seja amplamente publicizada enquanto as razões que supostamente as motivam estejam em sigilo”, escreveu. (Foto: EBC; Fonte: CNN)
Recebo com tranquilidade a notícia de que terei que prestar depoimento em inquérito policial.
Sempre atuei como advogado e gestor de crise de imprensa produzindo relatórios de mídia diários que mais de 200 pessoas recebem.
A criminalização da advocacia é a cortina de fumaça…
— Fabio Wajngarten (@fabiowoficial) June 25, 2025