Em um novo capítulo da política econômica de austeridade na Argentina, o presidente Javier Milei determinou que sua equipe ministerial adote medidas ainda mais rigorosas de contenção de despesas públicas. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (20) pelo ministro da Economia, Luis Caputo, por meio de uma publicação nas redes sociais.
Caputo respondeu a uma reportagem do jornal El Cronista, que revelou que o presidente havia solicitado cortes adicionais em busca de um superávit fiscal de 1,6% do PIB. “É verdade”, escreveu o ministro no X (antigo Twitter), mensagem que posteriormente também foi divulgada pelo próprio Milei.
O plano de ajuste tem rendido frutos em alguns indicadores. A estratégia de contenção dos gastos federais contribuiu para estabilizar a economia e reduzir a inflação, o que tem agradado o mercado financeiro e atraído investidores. No entanto, essas medidas têm pesado no bolso de servidores públicos e aposentados, que sentem os impactos diretos da política fiscal restritiva.
A reportagem do El Cronista não detalhou os valores dos novos cortes, mas informou que os ministros devem ser comunicados oficialmente nos próximos dias. Apesar disso, o país já vinha registrando superávits mensais consecutivos.
Segundo dados divulgados esta semana pelo Ministério da Economia, o superávit primário acumulado nos cinco primeiros meses de 2025 chegou a 0,8% do Produto Interno Bruto, enquanto o superávit financeiro atingiu 0,3%, impulsionado por uma queda nos encargos com juros.
Preços
Já a inflação argentina continua em trajetória de desaceleração, de acordo com os dados divulgados na quinta-feira (12) pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Em maio, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 1,5% na comparação com o mês anterior, ritmo mais brando do que os 2,8% registrados em abril.
Na variação anual, os preços subiram 43,5%, também abaixo dos 47,3% registrados no acumulado de 12 meses até abril. Já no acumulado de 2025 até maio, a inflação alcançou 13,3%, sinalizando um alívio gradual após os picos registrados no início do governo de Javier Milei.
Entre os setores que mais pressionaram o índice no mês, o grupo ‘Comunicação’ liderou, com aumento de 4,1%, impulsionado por reajustes nas tarifas de telefonia e internet. Na sequência, ‘Restaurantes e Hotéis’ tiveram alta de 3%, reflexo do encarecimento das refeições fora de casa.
Por outro lado, os segmentos que apresentaram menores variações foram ‘Alimentos e bebidas não alcoólicas’, com apenas 0,5%, e ‘Transporte’, que teve leve aumento de 0,4%, segundo o Indec.
O cenário reforça a narrativa do governo argentino de que as medidas de austeridade fiscal vêm contribuindo para conter a inflação — um dos maiores desafios do país nos últimos anos. (Foto: EBC; Fonte: CNN)
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