O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, falou publicamente sobre as suspeitas de envolvimento em uma suposta ‘tentativa de golpe de Estado’. Em depoimento nesta terça-feira (10) a Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Garnier negou veementemente que tenha oferecido tropas ao ex-presidente Bolsonaro (PL) para apoiar qualquer ação golpista.
“Eu nunca usei essa expressão (colocar as tropas à disposição)”, disse. “Eu nunca disponibilizei tropas para ações dessa natureza.”
Durante a fase anterior do inquérito, o almirante havia optado por permanecer em silêncio diante das perguntas da Polícia Federal. Agora, ao ser questionado por Moraes, chamou de “ilação” a versão de que teria apoiado iniciativas antidemocráticas.
“O presidente não abriu a palavra a nós. Ele fez as considerações dele, expressou o que pareciam para mim mais preocupações e análise de possibilidades do que propriamente uma intenção de conduzir alguma coisa em uma certa direção”, declarou Garnier.
Garnier reconheceu que participou da reunião, mas afirmou que os temas abordados foram os protestos em frente a quartéis e reflexões sobre o processo eleitoral. Negou, contudo, qualquer menção a prisões de autoridades ou apresentação de planos golpistas.
“Houve uma apresentação de alguns tópicos de considerações que poderiam levar, talvez, não foi decidido isso naquele dia, à decretação de uma GLO (garantia da lei e da ordem) ou de necessidades adicionais, principalmente visando a segurança pública”, disse.
Sobre a suposta minuta, o almirante refutou a existência do documento físico. “Eu não vi minuta, eu vi uma apresentação na tela de um computador. Havia uma telão onde algumas informações eram apresentadas na tela. Quando o senhor fala minuta eu penso em papel, eu não recebi esse tipo de documento.”
Garnier ressaltou que seguiu estritamente a hierarquia militar e que não poderia questionar ordens, a menos que fossem claramente ilegais, o que, segundo ele, não ocorreu.
“Até que isso aconteça, para mim ilações, discussões… Eu era comandante da Marinha. Não era assessor político do presidente. Eu me ative ao meu papel institucional”, afirmou. “O estatuto dos militares não faculta ao militar ficar inventando, tendo ilações, ou criticando coisas que estão na cabeça de outrem, principalmente se esse outrem for o seu chefe.”
O ex-comandante também comentou a reunião realizada no Ministério da Defesa, em 14 de dezembro de 2022, na qual, segundo Freire Gomes e Baptista Júnior, teria sido apresentada uma minuta com propostas golpistas. Garnier disse que chegou ao local com atraso e que a reunião já havia sido encerrada.
“Quando entrei já percebi que tinha havido algum tipo de desentendimento, alguma discussão anterior tinha acontecido. E a reunião foi encerrada. O ministro não abriu nenhuma pauta adicional, parecia estar chateado com o desenrolar da conversa, e a reunião foi encerrada.”. E mais: Câmara vai acatar decisão do STF e formalizar cassação de Zambelli, diz Hugo Motta. Clique AQUI para ver. (Foto: STF; Fonte: Estadão)