As ações de empresas argentinas listadas em bolsas internacionais e os títulos da dívida do país registraram forte valorização nesta segunda-feira (14), após o governo libertário de Javier Milei anunciar a revogação da maior parte das restrições cambiais. A medida faz parte de um novo entendimento com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê o repasse de US$ 20 bilhões à Argentina.
Enquanto os ativos financeiros dispararam, o peso argentino sofreu uma queda brusca, recuando quase 10% e sendo negociado a 1.190 por dólar — a maior desvalorização entre as 33 moedas mais negociadas no mundo, segundo a Bloomberg. Na cotação oficial do Banco Nación, o dólar ficou cerca de 8% mais caro.
Na Bolsa de Nova York, os recibos de ações da petroleira estatal YPF saltaram 14%, enquanto os papéis do Mercado Libre (MELI) subiram 4%. O índice S&P Merval, que reúne empresas argentinas, avançava 2,3% em pesos por volta das 15h, e mais de 10% em dólares.
O presidente Javier Milei comemorou a medida e declarou, em entrevista à rádio El Observador, que “não há mais dólar oficial; apenas o dólar de mercado”. Ele também rebateu rumores sobre uma possível disparada da moeda americana: “Diziam que o dólar chegaria a 3.000 pesos, foi tudo especulação”.
Os títulos soberanos argentinos avançaram cerca de 8%, desempenho superado apenas pelos papéis do Equador, impulsionados pela eleição presidencial no país. Investidores que há tempos pediam o fim dos controles cambiais celebraram a decisão do governo, que consideram fundamental para recompor as reservas internacionais e garantir a estabilidade econômica.
Carlos Carranza, gestor da Allianz Global Investors, destacou a importância do acordo para a confiança do mercado: “A assinatura do novo pacto elimina incertezas para quem duvidava de um entendimento. Além disso, os valores acordados superaram as expectativas, o que tende a atrair mais investimentos”.
As medidas também ocorrem às vésperas da visita do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, que se reunirá com Milei em Buenos Aires. A aproximação com os EUA reforça a tentativa do governo argentino de sinalizar compromisso com reformas econômicas estruturais.
Entre as principais decisões anunciadas, está o fim do chamado “dólar blend”, um sistema que permitia que parte das exportações fosse convertida no câmbio paralelo. A partir de agora, toda receita em moeda estrangeira deverá passar pelo mercado oficial. Empresas também poderão repatriar parte dos lucros deste ano, embora os dividendos acumulados anteriormente levem mais tempo para liberação.
Graham Stock, estrategista da RBC Bluebay, avaliou positivamente os avanços: “A migração para um regime cambial mais sólido, com respaldo externo, representa um avanço importante. Já estávamos otimistas com o ajuste, mas os anúncios do fim de semana reforçam a sustentabilidade das políticas adotadas”. E mais: Gilmar Mendes, do STF, suspende todos processos que discutem validade de ‘pejotização’. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução redes sociais; Fonte: O Globo)
Principais pontos do acordo com o FMI:
Reforma tributária.
Flexibilização trabalhista.
Revisão da Previdência.
Corte em subsídios.
Gasto social: criação de sistema unificado de indicadores para aprimorar os programas sociais.
Fim das restrições cambiais.
Acúmulo de reservas.
Privatizações.
Atualização da Lei de Ética Pública.