A demissão de dez fotojornalistas pela Medialivre, empresa de comunicação de Portugal, gerou indignação e levou dezenas de profissionais à Praça Martim Moniz, em Lisboa, nesta quinta-feira (1º), em um protesto organizado pelo Sindicato dos Jornalistas. O ato foi uma resposta à decisão da companhia, que tem Cristiano Ronaldo entre seus principais acionistas.
Os trabalhadores dispensados atuavam em veículos de destaque como Correio da Manhã, Record, Jornal de Negócios e na revista Sábado. A decisão de desligá-los foi anunciada na quarta-feira (30), véspera do Dia do Trabalhador, o que ampliou a insatisfação da categoria.
Em comunicado, o sindicato condenou a postura da Medialivre e questionou a motivação dos cortes, considerando que o grupo tem obtido bons resultados financeiros.
“Anunciar um despedimento coletivo na véspera do Dia do Trabalhador, que assinala mundialmente para as conquistas laborais do passado, cada vez mais deterioradas, é inqualificável. O despedimento de jornalistas é grave o suficiente, ainda por cima num grupo que diz dar lucro”, disse a entidade.
A nota também mencionou diretamente a presença de Cristiano Ronaldo como investidor. O jogador adquiriu 30% da Medialivre em 2024 e visitou a sede da companhia em março. Na ocasião, afirmou: “Queria muito estar aqui, conhecer as pessoas”.
O sindicato demonstrou surpresa com o envolvimento do craque em um processo de cortes tão recente. “O SJ está surpreendido, já que o grupo Medialivre, que tem o futebolista Cristiano Ronaldo como maior acionista, é dos poucos em Portugal que apresenta resultados financeiros positivos. Lamenta-se que Ronaldo (que a revista Forbes estima ter tido um vencimento de mais de 250 milhões de euros no ano passado) tenha comprado uma parte significativa da empresa para, a seguir, permitir que se procedam a desligamentos”, completou a entidade.
A Medialivre, antes chamada Cofina Media, foi adquirida em 2023 por um consórcio de investidores, incluindo Ronaldo.
O grupo é responsável por alguns dos principais veículos de imprensa do país, como Correio da Manhã e CMTV. A crise interna evidencia o embate entre a lucratividade das empresas e a preservação dos direitos dos trabalhadores da imprensa. E mais: Justiça de SP barra compra de coletes da PM. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução redes sociais; Fonte: Folha de SP)