Presidente da Fiesp diz que Brasil precisa de um ‘Plano Real’ das contas públicas

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O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que o Brasil precisa de um novo programa econômico com a mesma profundidade do Plano Real.

Para ele, medidas estruturais são urgentes para enfrentar o crescimento das despesas públicas e permitir que os juros no país caiam a níveis mais compatíveis com os padrões internacionais.

Josué, que também comanda o grupo têxtil Coteminas e é filho do ex-vice-presidente José Alencar, acredita que o governo precisa liderar uma agenda de reformas, com cortes nos benefícios setoriais e maior disciplina fiscal.

“O que mais decepciona é ver que o debate eleitoral já começou, quando o foco deveria ser estruturar o país para o médio e longo prazo”, criticou. Segundo ele, há resistência por parte de atores políticos em discutir mudanças mais profundas porque o foco está nos anos de 2025 e 2026, período pré-eleitoral.

O dirigente empresarial apontou ainda que, mesmo em conversas privadas, muitos agentes se recusam a debater soluções definitivas para os desequilíbrios fiscais. “Tem gente querendo apenas empurrar os problemas, pensando no que fazer depois de 2027”, avaliou.

Josué também destacou que o presidente Lula deveria apostar em uma postura mais aberta ao diálogo. Segundo ele, o país enfrenta desafios que não podem ser enfrentados com polarizações ou respostas de curto prazo. Embora seu nome já tenha sido cogitado em disputas eleitorais anteriores, inclusive como possível vice-presidente ou ministro da Indústria, ele nega qualquer plano político pessoal.

Ao comentar a situação do mercado de trabalho, Josué defendeu uma revisão das normas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em busca de maior flexibilidade e adequação às novas dinâmicas da economia digital e da informalidade. Segundo ele, é necessário repensar o modelo atual de relações de trabalho para estimular a geração de empregos e reduzir a insegurança jurídica que ainda afeta empregadores e trabalhadores. Veja trechos abaixo da entrevista. (Foto: reprodução vídeo; Fonte: Folha de SP)

Qual é a saída para a crise gerada pelo decreto de alta do IOF? Há um consenso de que tem que ser feito um ajuste, mas não de como fazê-lo. Cada um quer defender o seu quinhão, ninguém abre mão de nada. Estou estendendo [a avaliação] às lideranças empresariais, porque na busca pela sobrevivência, muitas vezes, os diversos segmentos buscam benefícios. Mas, às vezes, [eles] vão sendo prorrogados de maneira indefinida e já não trazem mais o mesmo impacto econômico. Tudo precisa ser revisto.

Está todo mundo cansado de uma carga tributária, que, para o nível de desenvolvimento do Brasil, é alta. O Plano Real deixou uma tarefa inacabada, que é justamente o ajuste das contas públicas. Os desequilíbrios só se acumularam de lá para cá.

Como seria possível mudar esse quadro? Se nós, como sociedade, nos sentarmos em torno de uma mesa, como fizemos no Plano Real. Havia um consenso na sociedade que precisávamos debelar a hiperinflação. Depois de várias tentativas, a sociedade acabou reconhecendo a importância, e tivemos sucesso. Precisamos de um novo Plano Real para resolver a questão das contas públicas e trazer os juros para um patamar civilizado, porque com taxa de juros real de 10% [9,53% ao ano] é impossível que a economia funcione bem. Ela não é, de forma isonômica, distribuída para todos.

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