Uma gigante da moda sediada em Milão está prestes a selar uma parceria estratégica com outra companhia que controla uma icônica grife italiana de luxo, conforme revelaram veículos internacionais.
O negócio, que pode ser concluído ainda neste mês, vem sendo costurado após uma análise preliminar descartar possíveis entraves, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. A movimentação já agita o mercado financeiro, com reflexos positivos nas ações de ambas as empresas envolvidas nesta segunda-feira.
A companhia italiana baseada em Milão é a Prada, enquanto a outra parte da negociação é a Capri Holdings, dona da Versace.
As ações da Capri registraram um salto de até 9,6% antes da abertura oficial do pregão em Nova York com as informações. Já os papéis da Prada, listados em Hong Kong desde 2011 em uma aposta no mercado asiático, avançaram até 4,1% no mesmo dia.
A aquisição da Versace, fundada em 1978 pelo lendário Gianni Versace e comprada pela Capri em 2018 por cerca de US$ 1,92 bilhão, pode fortalecer a posição da Prada no cenário global, criando um grupo italiano mais robusto para rivalizar com gigantes como LVMH e Kering.
As empresas optaram pelo silêncio: a Capri não retornou os contatos da Bloomberg, e a Prada preferiu não se manifestar. Caso concretizada, a compra marcaria uma reviravolta na história recente da moda italiana, que viu marcas como Gucci e Valentino passarem para as mãos de conglomerados estrangeiros nas últimas décadas.
Ainda assim, a Prada, com um valor de mercado de aproximadamente US$ 22,5 bilhões – impulsionado por uma alta de 14% em suas ações este ano –, seguirá bem abaixo de seus maiores concorrentes. A família de Miuccia Prada e Patrizio Bertelli detém cerca de 80% do controle acionário.
No campo oposto, o conglomerado francês LVMH, que abriga nomes como Louis Vuitton, Christian Dior, Fendi e Loro Piana, ostenta um valor de mercado de US$ 362 bilhões.
Recentemente, a LVMH ampliou sua influência italiana ao adquirir uma fatia da empresa por trás da Moncler, especializada em roupas de inverno de alto padrão. Já a Prada se destaca em meio a uma crise no setor de luxo, com vendas em alta no último trimestre de 2024, puxadas pela popularidade da marca Miu Miu entre o público jovem.
As negociações incluíram semanas de avaliação detalhada, com a Prada obtendo acesso privilegiado a dados financeiros e de vendas da Versace, conforme apurado em fevereiro. Analistas do UBS apontaram que os estilos opostos das duas grifes – o minimalismo de uma e o exagero estético da outra – evitam riscos de sobreposição no mercado.
A Versace, porém, enfrenta desafios: no terceiro trimestre deste ano fiscal, sua receita caiu 15%, totalizando US$ 193 milhões, enquanto o prejuízo operacional subiu para US$ 21 milhões, ante US$ 14 milhões no ano anterior.
A Capri, que também gerencia Michael Kors e Jimmy Choo, vem lutando para reaquecer suas vendas. No último mês, a empresa revisou suas projeções de receita para baixo, frustrando analistas, e admitiu que a retomada será lenta.
Após o fracasso de uma fusão de US$ 8,5 bilhões com a Tapestry, bloqueada por decisão judicial, a Capri contratou o Barclays para avaliar alternativas para seu portfólio. O desfecho dessa negociação com a Prada pode redefinir o futuro das duas marcas no tabuleiro do luxo global. E mais: Danilo Gentili se manifesta após ‘ataque de fúria’. Clique AQUI para ver. (Foto: PixaBay; Fonte: O Globo)