Apesar do objetivo do governo de revitalizar o mercado de automóveis e, consequentemente, conter as paralisações nas montadoras e a ameaça ao emprego, o estímulo à indústria automotiva proporcionou apenas um alívio temporário às fábricas de veículos. As informações são do jornal O Estado de São Paulo, divulgadas nesta quarta-feira (7).
Após anteciparem a produção no mês passado para reforçar os estoques diante da perspectiva de descontos patrocinados pelo governo, as fábricas que se beneficiaram da medida voltaram a interromper suas linhas de produção.
Acredita-se que os estoques sejam suficientes para suprir a demanda estimada em cerca de 100 mil a 110 mil carros, contemplada pelos bônus de R$ 2 mil a R$ 8 mil. No início do mês, o setor contava com 251,7 mil veículos nos pátios das fábricas e concessionárias, dos quais 115 mil unidades eram elegíveis para receber os créditos tributários autorizados pelo Ministério da Fazenda.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estima que os descontos do governo não devam perdurar por mais de um mês, uma vez que o incentivo será encerrado quando os créditos tributários, que viabilizam a redução dos preços, atingirem R$ 500 milhões.
Na terça-feira, dia 6, a produção do HB20 foi interrompida pela Hyundai em Piracicaba, no interior de São Paulo. Todos os turnos de trabalho e os departamentos administrativos tiveram suas atividades suspensas por três dias para ajustar a produção do mês à demanda futura.
No Paraná, a Renault suspenderá a produção de carros de passeio em São José dos Pinhais durante toda a próxima semana, mesmo com o preço da versão de entrada do compacto Kwid, um dos modelos fabricados na fábrica, tendo caído para R$ 58.990 após um desconto de R$ 10 mil anunciado pela marca francesa.
Durante essa semana, a montadora deixará de produzir aproximadamente 3,8 mil carros, período em que os trabalhadores entrarão em férias coletivas. Após essa pausa, a partir de 3 de julho, haverá uma suspensão de contratos de trabalho, conhecida como “layoff”, que reduzirá a produção de carros de passeio na fábrica da Renault de dois para um turno. Ao todo, mil trabalhadores serão afetados, incluindo os que atuam nas linhas de motores e injeção de alumínio, que também terão um turno suspenso a partir de 10 de julho.
Os trabalhadores da Renault ficarão afastados por um período de dois a três meses, conforme anunciado pela montadora na terça-feira da semana passada, quando o setor já contava com a promessa de apoio do governo para reduzir os preços dos carros.
A partir de segunda-feira, a fábrica da General Motors (GM) em Gravataí (RS), responsável pela produção do Onix, o carro mais popular do país, ficará parada por um período de dez dias. Em São José dos Campos (SP), a GM também desativará as linhas de produção nas próximas duas semanas. No entanto, os modelos fabricados nesse local, como a picape S10 e o utilitário esportivo Trailblazer, possuem preços acima do limite de R$ 120 mil estabelecido para os veículos contemplados pelos bônus do governo.
Até o momento, apenas a Volkswagen oficializou a desistência de implementar o layoff em Taubaté, no interior paulista, onde a montadora alemã planejava reduzir a produção do Polo Track, sucessor do Gol, de dois para um turno. Em São José dos Pinhais, a Volkswagen prosseguiu com a suspensão de um dos turnos de produção do utilitário esportivo T-Cross na segunda-feira. Essa medida deverá ter uma duração de dois a cinco meses.
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