Um documento original, encontrado pelo estudioso italiano Carlo Vecce no Arquivo do Estado de Florença, reescreve a história de Caterina, mãe de Leonardo da Vinci: uma jovem originária da antiga Circássia, região do Cáucaso, que chegou como escrava a Florença e foi libertada com uma escritura escrita pelo tabelião Piero da Vinci, pai de Leonardo, em 2 de novembro de 1452.
O fato é contado pelo próprio Vecce em livro publicado nessa terça-feira (14) ‘O sorriso de Catarina’ (em tradução livre), uma biografia ficcional da mãe do Gênio Da Vinci. O trabalho une fatos reais com história livre.
A história sempre apontou que Da Vinci era um filho “ilegítimo” de Piero e Caterina, que, por sua vez, era apresentada como uma simples camponesa que ficou órfã aos 15 anos. De acordo com o documento encontrado, Caterina ainda estava escravizada quando Da Vinci nasceu. Só ganharia sua liberdade quase sete meses depois, no dia 2 de novembro de 1452.
“Um pouco por acaso, há alguns anos, surgiram esses novos documentos e comecei a estudá-los para mostrar que essa Caterina escrava não era a mãe de Leonardo. Mas, ao fim, todas as evidências andaram na direção contrária, sobretudo esse documento de libertação”, explicou.
A análise de Vecce revelou que Caterina nasceu na área do Cáucaso, e depois foi levada para a região do Mar de Azov, ainda parte da Rússia. Foi levada para Bizâncio, pouco antes da queda para os turcos, e dali foi para Itália, seguindo para Veneza, Florença e depois para Vinci.
Ela se torna doméstica aos 15 anos e era escrava de uma outra família local, de um homem chamado Donato. Ela foi “emprestada” para a família de Piero para ser “cuidadora” de uma das filhas do notário, Maria.
Caterina recebia cerca de 18 florins por ano, um valor considerado bastante alto para vítimas da escravidão porque era “substancialmente uma escrava sexual de Piero”.
Uma curiosidade: quando Donato morre, em 1466, ele deixa como doação o Monastério de São Bartolomeu de Monte Oliveto, o qual foi retratado por Leonardo já adulto na obra “Anunciação”.
Caterina morreu, provavelmente, em 1495 “nos braços do filho” – o primeiro de seis que teve ao longo da vida. Segundo Vecce, “o notário que liberou Caterina é a mesma pessoa que a amou quando ela ainda era uma escrava e da qual teve seu filho”.
Ou seja, o pai de Leonardo da Vinci engravida a mãe do artista quando ela ainda era escrava de outro homem. “O documento (de libertação) está cheio de pequenos erros e omissões, sinal de que talvez ele estivesse nervoso quando o redigiu, porque engravidar a escrava de outra pessoa era crime”, acrescenta.
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