Lula (PT) afirmou nesta segunda-feira (8), após o encerramento da cúpula do Mercosul no Paraguai, que foi Javier Milei quem perdeu ao não comparecer ao fórum.
O petista foi questionado pela imprensa brasileira sobre a ausência do ultraliberal, que dispensou o encontro bloco sul-americano para ir a uma conferência conservadora em Santa Catarina com bolsonaristas. “A ausência do presidente não atrapalha se um país está presente. Quem perde por comparecer é quem não vem. Sempre que tem uma reunião, eu faço questão de participar porque aprendo”, afirmou Lula, que estava prestes a deixar a capital Assunção para voar rumo à Bolívia.
“É uma bobagem imensa o presidente de um país como a Argentina não participar da reunião do Mercosul. É triste para a Argentina.” O petista também comentou a ida de Milei à Cpac, o principal evento anual da ultradireita brasileira, em Santa Catarina. Sem nomear o argentino, disse que esse é o “tipo de reunião que não o interessa”. “Não se deve perder tempo fazendo uma coisa de extrema direita tão desagradável, antipovo, antidemocrática.”
Após um fórum no qual ficaram claras as direções opostas seguidas por Brasília e Buenos Aires em alguns temas, ele tentou, contudo, colocar panos quentes. “Estamos trabalhando o fortalecimento do Mercosul com a Argentina.”
“A ausência de um presidente não atrapalha se o país está presente. E quem perde não são os que vieram, e sim quem não veio. (…) É uma bobagem imensa o presidente de um país importante como a Argentina não participar de uma reunião com o Mercosul. É triste para a Argentina”,… pic.twitter.com/99HMKRRhqw
— GloboNews (@GloboNews) July 8, 2024
O que disse o petista
Ao discursar na Cúpula do Mercosul, no Paraguai, nesta segunda-feira (8), o Luiz Inácio criticou o que chamou de “nacionalismo arcaico e isolacionista”.
“No mundo globalizado, não faz sentido recorrer ao nacionalismo arcaico e isolacionista. Tampouco há justificativa para resgatar as experiências ultraliberais que apenas agravaram as desigualdades em nossa região”, disse.
Lula lembrou que esta é a 19ª Cúpula do Mercosul de que participa como chefe de Estado. Para ele, “nunca nos deparamos com tantos desafios, seja no âmbito regional, seja em nível global”.
“Nos últimos anos, permitimos que conflitos e disputas, muitas vezes alheios à região, se sobreponham à nossa vocação de paz e cooperação. Voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria”, afirmou.
“Num contexto de acirramento da competição geoestratégica, a questão que se impõe é se nossos países querem se integrar ao mundo unidos ou separados. Não vejo contradição entre participar da economia global e cooperar entre vizinhos. Minha aposta no Mercosul como plataforma de inserção internacional e de desenvolvimento do Brasil permanece inabalável. Nosso bloco é um projeto ambicioso e que gerou muitos frutos desde seu lançamento”, disse.
Lula falou que o comércio entre países da região multiplicou-se dez vezes ao longo dos últimos anos e, atualmente, soma US$ 49 bilhões. “É preciso pensar grande, como nossos antecessores ousaram fazer nesta capital há 33 anos. O Mercosul será o que quisermos que seja. Não nos cabe apequena-lo com propostas simplistas que o debilitam institucionalmente. Nossos esforços de atualização devem apontar para outra direção”.
Democracia
Ao mencionar o ato contra o governo da Bolívia no mês passado e o ‘8 de Janeiro’, Lula avaliou que “não há atalhos à democracia na região, mas é preciso permanecer vigilantes”.
“Falsos democratas tentam solapar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários. Enquanto nossa região seguir entre as mais desiguais do mundo, a estabilidade política permanecerá ameaçada”, afirmou.
“Democracia e desenvolvimento andam lado a lado. Os bons economistas sabem que o livre mercado não é uma panaceia para a humanidade. Quem conhece a história da América Latina reconhece o valor do Estado como planejador e indutor do desenvolvimento”, completou.
Lula comentou também sobre a incorporação da Bolívia como sexto membro do Mercosul. “A adesão plena da Bolívia tem enorme valor estratégico e faz do nosso bloco ator incontornável no contexto da transição energética. Somos ricos em recursos minerais e possuímos abundantes fontes de energia limpa e barata. Temos tudo para nos tornar um elo importante na cadeia de semicondutores, baterias e painéis solares”.
“Podemos formar uma aliança de produtores de minerais críticos para que os benefícios do processamento desses recursos fiquem em nossos países”, defendeu. E mais: Petrobras aumenta preços da gasolina e do gás de cozinha. Clique AQUI para ver. (Foto: Palácio do Planalto; Fonte: Folha de SP)