Mais da metade dos brasileiros entre 20 e 30 anos (56%) têm despesas que excedem seus ganhos mensais, apontou o Indicador de Longevidade Pessoal (ILP), pesquisa inédita conduzida pelo Grupo Bradesco Seguros. A reportagem é do Valor Investe.
O ILP, que varia de zero a 100 pontos, analisa 31 variáveis agrupadas em cinco pilares: atitudes sobre longevidade, saúde física e mental, interações sociais, cuidados preventivos e finanças.
A situação financeira dos jovens não é novidade. Dados do Serasa de 2024 mostram que, dos 72 milhões de inadimplentes no Brasil, a faixa de 26 a 40 anos responde por 34,2%, ficando ligeiramente atrás do grupo de 41 a 60 anos (35%).
Já os jovens até 25 anos representam 12%, enquanto os acima de 60 anos somam 18,8%. Esses números reforçam que a falta de controle financeiro é um desafio crescente entre as gerações mais novas, evidenciando a necessidade de educação e estratégias para lidar com dívidas e poupança.
Quase metade dos entrevistados (46%) não possui objetivos financeiros bem definidos, segundo o ILP. Desses, 28% têm metas apenas parcialmente traçadas, 12% as consideram pouco claras e 6% nem sequer pensam em estabelecer planos para o futuro.
Esse padrão não é recente: uma pesquisa do DataFolha de 2023, encomendada pelo Grupo Bradesco Seguros, já indicava que 60% dos brasileiros não tinham reservas financeiras, número que subia para 78% entre os de menor renda.
Especialistas defendem que não há idade ideal para começar a planejar as finanças, mas quanto mais cedo, melhor.
Uma sugestão é a regra 1-3-6-9 para a aposentadoria, que recomenda iniciar a poupança aos 25 anos, etapa em que muitos já concluíram a formação superior e podem direcionar recursos para a construção de um patrimônio. Antes disso, o foco deve ser o investimento em capital humano, como educação e qualificação profissional.
Consumo e Financiamentos
O desejo por bens de consumo financiados também marca o comportamento financeiro dos brasileiros.
Segundo o estudo “O futuro da relação do brasileiro com o dinheiro e as finanças”, da Croma Consultoria, 51% planejam comprar um imóvel nos próximos dois anos, com os Millennials (27 a 42 anos) liderando as intenções (63%).
A aquisição de veículos vem em segundo lugar (43%), especialmente nas classes A (57%) e B (52%).
Enquanto financiamentos de carros têm prazos preferidos entre 13 e 36 parcelas (37%), os de imóveis superam 60 vezes (36%).
Outros itens na lista incluem smartphones (28%), eletrodomésticos (22%), notebooks (18%), viagens (17%) e eletrônicos como TVs (17%), com parcelamentos mais curtos, entre 6 e 12 vezes, devido ao menor custo.
Regionalidade e Prioridades
O sonho da casa própria é mais forte nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde 60% dos moradores planejam financiar imóveis. Já a compra de bens menores, como eletrodomésticos e eletrônicos, reflete uma busca por conforto imediato, com prazos curtos que não comprometem tanto o orçamento.
Esses dados mostram um contraste entre o consumo a curto prazo e a falta de reservas para o futuro, reforçando o alerta para a necessidade de equilíbrio financeiro entre as gerações. E veja AQUI as últimas notícias de hoje. Clique AQUI e nos apoie! (Foto: Agência Câmara; Fonte: O Globo)