Investidor está desistindo do Brasil, diz economista que integrou governo ‘Lula 1’

direitaonline



O economista Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica no primeiro governo Lula 1, fez duras críticas ao pacote de ajuste fiscal anunciado recentemente.

Em entrevista à Folha publicada hoje, ele destacou que a ausência de uma estratégia fiscal sólida está afastando investidores do Brasil. “Essa foi a aposta pesada dos investidores no começo do governo. Os números estão aí. Só que deu errado”, afirmou.



Lisboa refutou a ideia de que a reação negativa do mercado se deve a movimentos especulativos, como sugerido por integrantes do governo. Ele atribui a desvalorização da moeda nacional e a disparada do dólar, que chegou a R$ 6, a um pacote econômico frágil e a medidas mal estruturadas, com pouco impacto no controle das despesas previdenciárias.

O economista também criticou a narrativa do governo ao propor isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 e, simultaneamente, criar um imposto para os mais ricos.



Segundo ele, a estratégia busca polarizar o debate em torno de uma luta moral, em vez de abordar os problemas de forma objetiva. “Em vez de enfrentar os problemas e dilemas com clareza, você tenta demonizar a diferença.

Como se fosse um artifício retórico para garantir maior força para medidas mal pensadas”, ressaltou. “Parece mais uma proposta para acalmar as emoções de certos grupos, mas que só botaram gasolina no fogo”, concluiu. Veja abaixo trechos da entrevista e clique AQUI para ler na íntegra.



O que achou da decisão do presidente Lula de incluir no pacote a isenção do IR para R$ 5.000 combinada à criação de imposto mínimo para os milionários?
Criou um ruído imenso ao somar uma proposta de isenção com uma medida não detalhada de aumento de tributação, mas que pelo anúncio preserva as distorções existentes e gera muita incerteza sobre a sua factibilidade. Depois de um mês de muita especulação, anúncios, vazamentos, dúvidas, ansiedade, pariu propostas incrivelmente tímidas, mal desenhadas em alguns casos, e promessas que já assistimos várias vezes que não se concretizaram. Uma medida grande, que gera muito mais obrigações fiscais no futuro. Então, o ruído que era grande ficou maior. Tudo isso vai comprometendo a perspectiva de médio prazo da economia do país.



Como avalia o impacto das medidas de corte de gastos?
O anúncio foi demasiadamente genérico. É muito difícil fazer estimativas. O governo não foi transparente. Mesmo que se consiga os números prometidos, o problema do Brasil é muito mais grave, R$ 30 bilhões num ano, R$ 40 bilhões no ano seguinte, estamos falando de um desequilíbrio de R$ 350 bilhões [nas contas do governo federal].

Marcos de Barros Lisboa (Rio de Janeiro, 2 de agosto de 1964) é um economista e ex-presidente do Insper. De 2003 a 2005, foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda do governo Lula. Lisboa exerceu ainda a função de diretor-executivo e vice-presidente do Itaú Unibanco, entre os anos de 2006 e 2009. É também colunista da Folha de S.Paulo.[5]

Lisboa doutorou-se em economia pela Universidade da Pensilvânia e atuou como Professor Assistente no Departamento de Economia da Universidade de Stanford. No Brasil, foi professor assistente da Fundação Getúlio Vargas e Presidente do Insper.

Lisboa assumiu o governo Lula com a inflação e o dólar em alta, atuando ao lado de Joaquim Levy, Henrique Meirelles, Murilo Portugal e Alexandre Schwartsman,

Gostou? Compartilhe!
Next Post

Repórter da Band é resgatado após se perder durante trilha na Serra do Mar

O repórter e apresentador da Band Lucas Martins foi resgatado na manhã deste domingo (1º) após se perder durante uma trilha na Serra do Mar, rumo a Itanhaém, litoral de São Paulo. Ele e mais três pessoas iniciaram a caminhada ainda na madrugada de sábado (30), mas acabaram se desviando […]