A sede do banco Itaú, na Avenida Faria Lima, em São Paulo, foi invadida nessa quinta-feira (3) por militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo, duas organizações defensoras do governo Lula. O edifício é considerado o mais caro do país, com custo estimado de R$ 1,5 bilhão.
A ação acontece em meio à campanha do governo federal por maior taxação dos super-ricos e do setor financeiro, incluindo a defesa de mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O ato ganhou ainda mais destaque pelo fato de uma das herdeiras do banco, Maria Alice Setubal — conhecida como Neca Setubal — declarar voto em Lula contra Bolsonaro em 2022. Ela chegou a integrar a equipe de transição, participando do grupo de trabalho da Educação, conforme reportagem do Antagonista.
Na época, ao ser questionada sobre a adesão de parte da elite a Jair Bolsonaro (PL), ela respondeu: “É uma tristeza profunda. É uma incapacidade de perceber o que para mim é muito óbvio, que todos ganham com uma sociedade com menos desigualdades (…). Você ter uma população educada numa escola pública, que tenha saúde gratuita, todo mundo ganha.”
Ligado ao MTST, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), cotado para ser Ministro no atual governo, comemorou a “ocupação” nas redes sociais: “Pra cima! O MTST e a Frente Povo Sem Medo ocuparam hoje a sede do Itaú na Faria Lima – o prédio mais caro do Brasil, que custou R$ 1,5 bi para ser construído. A ocupação tem como pauta a taxação dos super-ricos. O recado do povo é claro: o Brasil precisa de Justiça tributária.”
Boulos também convocou um novo protesto nacional para o próximo dia 10 de julho, como parte da mobilização pela chamada “justiça fiscal”.
Nascida em 1951, Maria Alice Setúbal, mais conhecida como Neca Setúbal, é socióloga, educadora e herdeira de uma das maiores instituições financeiras do país, o Itaú Unibanco. Filha do industrial, banqueiro e ex-prefeito de São Paulo Olavo Setúbal (ARENA, gestão 1975-1979), ela também é irmã de Roberto Setúbal, ex-presidente do banco.
Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), é mestre em Ciência Política e doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ao longo de sua trajetória, dedicou-se à promoção da educação pública e à ‘redução das desigualdades sociais’.
Preside o Conselho Consultivo da Fundação Tide Setubal — organização sem fins lucrativos que atua com foco em justiça social na zona leste paulistana — e também o Conselho de Administração do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), reconhecido nacionalmente pela produção de material didático.
Entre 1975 e 1977, lecionou na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Também ocupou cargos e prestou consultoria a instituições como Unicef (1992-1993 e 1997-1998), Banco Mundial (1992), IBECC (1986-1988, durante o governo Sarney) e Ministério da Educação (1995-1996, no governo FHC).
Autora de diversos livros e estudos, ganhou o Prêmio Jabuti em 2006, na categoria “Didático ou Paradidático para o Ensino Fundamental e Médio”, pela obra Cortes e Recortes da Terra Paulista, que coordenou e publicou por meio do Cenpec. Mantém ainda um blog voltado a reflexões sobre educação.
Neca também se destacou como uma das principais aliadas de Marina Silva, apoiando sua candidatura à Presidência desde 2009, ainda pelo Partido Verde.
Esteve ao lado da ministra na criação da Rede Sustentabilidade (REDE) e, em 2014, coordenou o programa de governo da candidatura presidencial de Marina pelo PSB, ao lado de Maurício Rands e com apoio de economistas como Eduardo Giannetti, André Lara Resende, Eliana Cardoso e José Eli da Veiga. (Foto: Palácio do Planalto; Fonte: Antagonista)
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