Em editorial nesta quinta-feira (7) de novembro, o jornal O Estado de S. Paulo (Estadão) analisou a recente vitória eleitoral de Donald Trump nos Estados Unidos, sua segunda chegada à Casa Branca, e os possíveis desdobramentos para o país e o mundo. O texto faz duras críticas à postura de Trump, mas questiona a capacidade dos democratas de enfrentarem as questões prioritárias para a população americana.
O Editorial afirma que os norte-americanos escolheram o ‘populismo autoritário’ e que o novo presidente tem “desejo de vingança contra seus adversários”.
Mas, segundo o Estadão, o triunfo de Trump não foi fruto de “desinformação” nas redes sociais, mas de um voto consciente de uma população que, aparentemente, está “muito bem informada” e frustrada com a falta de respostas dos democratas.
Para o jornal, a vitória esmagadora de Trump, que venceu a vice-presidente Kamala Harris por uma “larga margem” no voto popular, reflete o descontentamento com o que grande parte dos eleitores considera os principais problemas do país, ainda não solucionados pelo governo Biden.
O jornal também ressaltou o papel de Joe Biden no que considera uma derrota do partido democrata: “O presidente Joe Biden falhou em reunir as condições necessárias para reduzir rapidamente a inflação que castigou a classe média americana nos últimos anos.” Embora os índices de inflação tenham começado a cair recentemente, o impacto sobre o cotidiano ainda é limitado, e a situação econômica poderá beneficiar Trump no futuro.
Além disso, o Estadão destacou o que considera um erro estratégico de Biden ao se apegar ao sonho da reeleição. Em vez de “fazer um governo de transição, como prometido”, o presidente tentou permanecer no poder, o que se revelou insustentável. Como resultado, Kamala Harris foi nomeada candidata democrata sem passar por prévias, o que, segundo o jornal, revelou a falta de conexão do partido com as prioridades da população. “As únicas certezas em sua campanha eram a defesa do direito ao aborto e sua luta contra as ameaças à democracia, preocupações absolutamente secundárias para a maioria do eleitorado”, destacou o Estadão, apontando que “os democratas abusaram do direito de errar”.
O editorial também faz uma avaliação crítica sobre o impacto do retorno de Trump ao poder. Para o jornal, os eleitores que o apoiaram não se importam que ele tenha um histórico de “criminoso e golpista” ou que tenha demonstrado desrespeito pela Constituição e pelas normas eleitorais.
“Aliás, já parece suficientemente claro que fazer troça da lei e da Constituição tornou-se um ativo político-eleitoral para Trump”, observa o editorial, ao apontar o fenômeno de popularidade de Trump como “outsider” e defensor de um discurso anti-establishment.
Na visão do jornal, Trump assume a presidência praticamente sem oposição significativa, o que lhe confere liberdade para implantar sua agenda de governo, que inclui deportações em massa, aumento de tarifas protecionistas e o isolamento dos Estados Unidos em termos comerciais e militares. O Estadão alerta que essas políticas podem tornar o cenário internacional “consideravelmente mais instável”.
Apesar das incertezas, o Estadão avalia que Trump enfrentará o “teste da realidade”. Se sua gestão provocar efeitos negativos, como inflação e desemprego, ele poderá sofrer consequências políticas, especialmente em uma estrutura democrática. “As engrenagens do ‘sistema’ voltarão a funcionar, pois é assim que funciona a democracia”, afirma o jornal, ponderando que Trump terá pouco tempo para mostrar resultados. Caso não entregue o prometido “era de ouro da América”, o republicano corre o risco de se tornar “apenas um ‘pato manco’ falastrão”.
Em conclusão, o Estadão argumenta que o retorno de Trump ao poder representa um risco para a estabilidade dos Estados Unidos e do cenário internacional, mas lembra que as próximas eleições legislativas poderão trazer mudanças importantes. Com essa análise, o jornal paulista coloca em foco os desafios e incertezas que cercam o próximo mandato de Trump, com críticas contundentes tanto ao novo presidente quanto aos erros estratégicos dos democratas. Clique AQUI para ver na íntegra. (Foto: reprodução redes sociais; Fonte: Estadão)