Uma subsidiária da JBS, pertencente aos irmãos brasileiros Joesley e Wesley Batista, protagonizou a maior doação registrada para a cerimônia de posse do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de seu vice, J.D. Vance.
A informação foi publicada pela colunista Malu Gaspar, de O Globo, com base na prestação de contas entregue à Comissão Eleitoral Federal americana.
De acordo com a reportagem, “uma empresa pertencente à JBS dos irmãos brasileiros Wesley e Joesley Batista fez a maior doação registrada para o comitê de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do vice, J.D. Vance.”
O valor doado pela Pilgrim’s Pride, produtora de frangos controlada pela JBS nos EUA, foi de US$ 5 milhões (cerca de R$ 28,7 milhões) — cifra que supera em muito os valores repassados por gigantes do setor de tecnologia.
“O aporte da produtora de frangos Pilgrim’s Pride, de US$ 5 milhões […] superou consideravelmente a cifra simbólica de US$ 1 milhão dada pelas gigantes do Vale do Silício, como a Google e a Meta, de big techs como a Amazon e magnatas como Tim Cook (Apple) e Sam Altman (Open AI).”
Segundo a colunista, os valores constam em um documento de 327 páginas entregue à FEC (sigla em inglês da Comissão Eleitoral Federal), órgão responsável pela fiscalização das contas eleitorais nos EUA, e foram inicialmente divulgados por jornais como o Wall Street Journal e o New York Times.
Ainda conforme a reportagem, “a doação da Pilgrim’s Pride, sediada no Colorado, também está bem acima de outras grandes companhias americanas como a Nvidia, a Boeing, a Uber e redes como o McDonald’s – todas também pagaram US$ 1 milhão.” Até mesmo a Microsoft, de Bill Gates, destinou menos: apenas US$ 750 mil.
O total arrecadado pela cerimônia de posse de Trump e Vance, realizada em 20 de janeiro, chegou a US$ 245 milhões (R$ 1,41 bilhão), conforme a coluna.
A movimentação milionária ocorre em meio a interesses estratégicos da JBS. Segundo a colunista, o frigorífico brasileiro está em tratativas com a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) para viabilizar sua entrada na Bolsa de Nova York. No mês anterior, a proposta de listagem recebeu aval do BNDES, principal acionista da empresa após os irmãos Batista, mas ainda precisa do sinal verde das autoridades americanas.
Como mostra a reportagem, “o repasse para a posse de Trump e Vance é parte de um esforço para abrir portas na administração republicana e destravar as negociações.”
Questionada pela equipe de Malu Gaspar, a Pilgrim’s Pride afirmou, por meio de nota, que “tem um longo histórico bipartidário de participação no processo cívico” dos Estados Unidos.
O gesto, contudo, não é isento de polêmicas. Segundo relembra a coluna, a reputação da JBS nos EUA sofreu impactos após o Departamento de Justiça americano aplicar uma multa bilionária ao Grupo J&F — controlador da empresa — durante o governo Trump.
“O Departamento de Justiça do primeiro mandato de Trump aplicou uma multa de US$ 256 milhões (R$ 44 bilhões em valores da época) ao Grupo J&F, que controla a JBS, pelo pagamento de propina a agentes do BNDES e da Petros em troca de favorecimentos.”
Os pagamentos irregulares envolveram o uso de contas bancárias e imóveis nos Estados Unidos, o que levou o caso a se enquadrar na Lei de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA), usada pelas autoridades americanas para punir condutas ilegais cometidas fora do país.
Segundo a colunista, o grupo brasileiro firmou um acordo com a Justiça americana, reconhecendo os crimes. Em troca, conseguiu encerrar os processos, garantiu um desconto de 50% na multa — que ficou em R$ 22 bilhões — e abriu caminho para o seu plano de ingressar na Bolsa de Nova York.
A Pilgrim’s Pride, adquirida em 2009 pela JBS USA, hoje tem quase 80% de suas ações sob controle da empresa brasileira. A prática de doações para cerimônias de posse é comum nos Estados Unidos, onde doadores — sejam indivíduos ou empresas — financiam eventos presidenciais em busca de influência ou aproximação com a nova administração. E mais: A condição de Bolsonaro para o ‘PL’ lançar candidatos ao Senado em 2026. Clique AQUI para ver. (Foto: divulgação; Fonte: O Globo)