Empresa admite que lobo-terrível não foi ‘desextinto’

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O anúncio de que uma equipe de cientistas teria conseguido “ressuscitar” o lobo-terrível (Aenocyon dirus) — espécie extinta há cerca de 10 mil anos — gerou repercussão global no início de abril.

A declaração partiu do laboratório norte-americano Colossal Biosciences, especializado em engenharia genética, que divulgou o nascimento de filhotes identificados como lobos-terríveis. A afirmação, no entanto, foi prontamente contestada por especialistas à época.

A polêmica ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira (22), quando a própria cientista-chefe da Colossal, Beth Shapiro, admitiu à revista New Scientist que os animais produzidos não são, de fato, lobos-terríveis.

“É impossível trazer de volta algo que seja idêntico a uma espécie que já existiu. Nossos animais são lobos-cinzentos com cerca de 20 edições clonadas”, afirmou ela. Shapiro também alegou que o termo “desextinção” não foi oficialmente usado pela empresa, embora ele tenha sido amplamente associado ao projeto pela imprensa e pelas redes sociais.

Apesar da cautela recente, o comunicado oficial publicado no dia 7 de abril usava explicitamente a expressão “lobos-terríveis” para se referir aos filhotes modificados, o que gerou críticas de parte da comunidade científica.

Questionada anteriormente sobre a nomenclatura, a própria Shapiro justificou o uso do termo com base no conceito de espécie morfológica: “Se eles se parecem com os lobos-terríveis, então consequentemente também são esse animal”, afirmou na época.

O problema é que nem mesmo essa semelhança física está assegurada. Estudos paleontológicos apontam que os lobos-terríveis tinham características distintas dos lobos modernos, incluindo uma pelagem avermelhada. Já os filhotes da Colossal nasceram com coloração branca, o que põe em dúvida a equivalência visual com seus supostos ancestrais.

Diante da controvérsia, o Grupo de Especialistas em Canídeos da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) divulgou uma nota em 18 de abril, afirmando que os animais desenvolvidos não podem ser considerados lobos-terríveis. Mesmo assim, a Colossal manteve a narrativa, referindo-se publicamente aos filhotes Romulus, Remus e Khaleesi como “lobos-terríveis” — ainda que apenas “coloquialmente”.

A discussão em torno do caso reacendeu o debate sobre os limites da chamada “desextinção”, um conceito que envolve o uso de biotecnologia para recriar organismos extintos a partir de fragmentos genéticos. Embora promissora, a ideia enfrenta obstáculos técnicos, como a impossibilidade de replicar com exatidão o DNA de espécies desaparecidas. E mais: Anvisa proíbe mais duas marcas de azeite. Clique AQUI para ver. (Foto: Andrew Zuckerman / Colossal Biosciences; Fonte: Revista Galileu)

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