De acordo com o editorial publicado pelo Estadão, a Petrobras tem mantido inalterados os preços da gasolina e do diesel por um período considerável. “Há seis meses a Petrobras mantém inalterado o preço da gasolina que sai de suas refinarias; o último reajuste, em julho de 2024, foi de 7,04%” e para o diesel “a última mudança foi em dezembro de 2023 e para baixo, com redução de 7,85%.”
Esse congelamento de preços tem causado uma defasagem em relação às cotações internacionais, com a gasolina apresentando uma defasagem de “10%” e o diesel “16%”, de acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
O editorial destaca que, durante o governo Dilma Rousseff, a Petrobras sofreu com o “represamento” de preços, o que resultou em prejuízos significativos. “Represamento e longos atrasos no repasse de preços internacionais ao mercado interno foram uma distorção grave que caracterizou a gestão da empresa no período de 2011 a 2015.”
Segundo o jornal, esse modelo de controle de preços causou perdas estimadas em R$ 100 bilhões, superando até mesmo os danos causados pela corrupção do Petrolão.
Em seu retorno ao poder em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem repetido, de forma enfática, a intenção de “abrasileirar” os preços da Petrobras, tentando, assim, “elevar a popularidade com o barateamento dos preços nos postos de combustíveis” e combater a inflação.
Contudo, o Estadão alerta para os efeitos colaterais dessa abordagem. “O problema são os efeitos colaterais”, que podem gerar distorções econômicas mais profundas e aumentar os riscos de desequilíbrios fiscais.
Além disso, a volatilidade do mercado de petróleo, com os preços oscilando entre “US$ 72 e US$ 75” o barril, pode complicar ainda mais a estratégia da Petrobras. Como o editorial observa, “a volatilidade do petróleo num cenário geopolítico conturbado como o atual, é muito grande”, o que exige cautela ao definir a política de preços.
Por fim, o Estadão observa que a Petrobras não pode sustentar uma política de preços artificialmente baixos por tempo indeterminado.
O impacto disso é visível nas dificuldades financeiras da empresa, com a venda de combustíveis abaixo do preço de mercado entre 2011 e 2015 contribuindo para a “rápida deterioração financeira” da companhia, como constatado pelo Tribunal de Contas da União.
A análise sugere que a Petrobras enfrenta um dilema entre atender aos interesses do governo e preservar sua saúde financeira a longo prazo, o que demanda um ajuste cuidadoso em sua política de preços. Clique AQUI para ver na íntegra. (Foto: EBC)