Segundo reportagem do portal UOl nesta terça-feira (11), o governo Lula excluiu 1,4 milhão de beneficiários do Bolsa Família em março. O motivo seriam irregularidades no cadastro. A maior parte com renda acima do permitido. Porém, entre eles, estão 104 mil pessoas que pegaram o empréstimo consignado do Auxílio Brasil no ano passado. E se antes as parcelas do crédito eram descontadas do benefício pelo próprio governo federal, agora viraram um grande problema no fim do mês.
Isso porque o projeto desenhado pelo governo Bolsonaro, em 2022, determinava desconto de até R$ 160 do Bolsa Família (antigo Auxilio Brasil) e repassava para os bancos. O restante — R$ 440 de R$ 600 — ficava com o beneficiário para suas despesas. Ou seja, não tinha possibilidade de calote.
Assim, desde novembro, os bancos estão recebendo do governo federal cerca de R$ 550 milhões por mês como pagamento das parcelas do consignado, contratado por 3,5 milhões de pessoas.
Mas agora, com o corte, quem pegou o crédito e foi excluído do Bolsa Família, além de perder o benefício, terá de pagar a parcela mensal do empréstimo — que deixa de ser consignado ao pagamento feito pelo governo, agora cancelado. Se atrasar, deverá arcar com multas e mais juros. E pode ficar com o nome sujo.
De acordo com cálculos do UOL, o calote pode chegar a R$ 200 milhões, se todas as 104 mil pessoas deixarem de pagar o restante das parcelas do empréstimo aos bancos. Para piorar, novas exclusões do Bolsa Família estão previstas para os próximos meses.
O governo Lula ainda fez bloqueios temporários em março do pagamento do benefício e também entre essas vítimas da suspensão tem gente com parcelas do consignado a vencer. Uma fonte ouvida pela reportagem afirmou: “Eu estava dependendo do Bolsa Família para pagar o meu aluguel, de R$ 400. Se não fosse (a ajuda da) minha mãe, agora eu tava na rua com meus três filhos. Eu peguei o empréstimo (consignado do Auxílio Brasil) na lotérica. Se não tenho como pagar o aluguel (sem o Bolsa Família), imagina o empréstimo”.