China impõe tarifa pesada sobre um tipo de produto europeu

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Em meio a tensões comerciais crescentes e disputas por influência nos mercados globais, medidas protecionistas vêm ganhando espaço em diferentes partes do mundo.

Setores antes tidos como estáveis, como o de bebidas de luxo, agora enfrentam os reflexos de embates econômicos entre grandes blocos comerciais. Nesse cenário de incertezas e negociações diplomáticas, uma decisão recente do governo chinês chamou a atenção e promete gerar impactos significativos no comércio internacional.

Assim, a China surpreendeu e anunciou a aplicação de tarifas que podem chegar a 34,9% sobre o conhaque importado da União Europeia, em medida que terá validade inicial de cinco anos.

A informação foi divulgada nesta sexta-feira (5) pelo Ministério do Comércio chinês, que justificou a decisão com base em uma investigação antidumping iniciada em 2023.

A medida afeta sobretudo o cognac produzido na França, principal exportador da bebida para o mercado chinês. Algumas empresas, no entanto, escaparam das tarifas mais elevadas, ao firmarem acordos prévios com o governo chinês.

Entre elas estão a Remy Martin, da Remy Cointreau, e a Martell & Co, ligada à Pernod Ricard. Essas companhias assumiram o compromisso de manter um preço mínimo para suas exportações ao país asiático e, segundo o ministério, só pagarão as alíquotas mais altas caso descumpram o acordo.

O Bureau National Interprofessionnel du Cognac, órgão francês do setor, informou que as vendas da bebida para a China já registraram queda de até 70%, refletindo o impacto da disputa comercial em curso.

A bebida alcoólica tornou-se mais um elemento no embate comercial entre a União Europeia e Pequim, que envolve principalmente os subsídios chineses aos veículos elétricos e as tarifas impostas pela UE sobre automóveis chineses.

Segundo fabricantes franceses, o cognac foi arrastado para o centro dessa disputa como consequência indireta das tensões envolvendo a indústria automotiva.

Em junho, a Reuters revelou que grupos franceses haviam firmado um acordo preliminar com o governo chinês, prevendo a definição de preços mínimos para o conhaque exportado. Contudo, fontes próximas à negociação disseram que a China só irá confirmar esse entendimento caso haja avanço nas conversas sobre os veículos elétricos.

Além dos desafios na China, os produtores de cognac também enfrentam dificuldades nos Estados Unidos, principal consumidor global da bebida. A inflação elevada e o ambiente econômico instável têm influenciado negativamente as vendas no mercado norte-americano, contribuindo para o cenário de retração da demanda.

O conhaque é uma bebida alcoólica decorrente da destilação de vinho, geralmente contendo cerca de 40% e 60% de graduação alcoólica por volume. Além do vinho, pode ser feito a partir de um suco de fruta fermentado (no caso da uva, normalmente são utilizadas apenas espécies viníferas). (Foto: PixaBay; Fonte: Investing)

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