Brasileiro fica preso na neve na Patagônia após erro do GPS

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O brasileiro Thiago Crevelloni enfrentou um dos maiores desafios de sua vida durante uma travessia solitária pela Patagônia, indo do norte ao sul da região. O que era para ser uma jornada de aventura acabou se transformando em uma experiência extrema de sobrevivência.

Tudo começou quando Thiago deixou Curitiba e iniciou a expedição. No trajeto, o GPS indicou uma rota alternativa, levando-o a um antigo trecho da famosa Rota Nacional 40, hoje pouco utilizado e praticamente esquecido.

A estrada de cascalho parecia em boas condições, mas logo a neve começou a aumentar. “Depois de 20 quilômetros, começou a nevar forte. Parei para colocar as correntes. Continuei, mas ventava muito, e a neve estava ficando mais densa. Em uma curva, o carro bateu em uma duna de neve que não dava para distinguir claramente por causa do vento branco. Tudo estava branco, não dava para distinguir o que era estrada e o que não era. Fiquei completamente preso, com as rodas dianteiras para cima, e não consegui mover o carro”, contou ele ao La Nacion.

Conforme noticiado pelo jornal argentino La Nación, a via parecia segura no início, mas logo o cenário mudou drasticamente: a neve aumentou, o veículo ficou atolado e ele perdeu completamente o sinal de celular.

“O frio era insuportável. Estava a -2 graus, mas a sensação térmica era de -10 graus ou pior. Meu rosto e minhas mãos estavam congelados. Fiquei encharcado na neve tentando tirar o carro”, disse ele.

Preso em meio ao chamado “vento branco” — fenômeno que cobre a paisagem de neve e reduz a visibilidade —, ele tentou usar pedras para desatolar o carro, mas acabou vencido pelo cansaço e pelas temperaturas congelantes.

Nesse momento, Crevelloni diz ter percebido “que estava sozinho, que já havia percorrido cerca de 50 quilômetros da estrada principal e que teria que caminhar pelo menos mais 30 quilômetros”, conta o homem, que é programador e trabalha remotamente, o que lhe permite trabalhar e viajar pelo mundo ao mesmo tempo.

“Entrei em pânico, pensei que poderia morrer congelado ali mesmo. Fiquei com medo de que a neve cobrisse o carro completamente”, lembra ele.

Diante da impossibilidade de continuar no veículo e com o entardecer se aproximando, optou por seguir a pé. Levando apenas uma mochila e uma garrafa de água, caminhou cerca de 24 quilômetros por mais de cinco horas, com sensação térmica próxima de -10 °C, sem comida e sem enxergar mais do que alguns metros à frente.

Sem meios de me comunicar e com medo de ficar soterrado pela neve, ele destacou ter tomado “a decisão desesperada de caminhar pela tempestade em busca de ajuda”. Isso, apesar de já serem 17h no horário local e restar apenas mais uma hora de luz do dia.

“Peguei uma mochila com água e comecei a caminhar. Ainda estava claro, mas o frio estava piorando. Como não estava me alimentando bem, me senti fraco e logo o cansaço começou a tomar conta. Andei sem enxergar nada e comecei a me sentir pior”, explica ele agora, após se recuperar do que, segundo ele, foram “os 24 quilômetros mais longos de sua vida”.

Com a noite veio a desorientação. Ele caminhou sem nenhuma referência visual, sem saber se estava indo na direção certa.

“Eu estava delirando, vi luzes se movendo no céu e percebi que minha mente não estava mais funcionando direito — lembrou Crevelloni, que afirmou ter “desabado na neve” por exaustão, após cinco horas de caminhada. “Fiquei ali por alguns minutos, tentando recuperar as energias. Consegui me levantar e continuei, embora não soubesse mais quanto tempo ainda me restava”.

O alívio veio quando, já desorientado e exausto, enxergou um ponto de luz em meio à escuridão. “No começo, pensei que fosse uma alucinação, mas foi se aproximando. Era uma viatura policial, com as luzes acesas. Naquele momento, senti um alívio que não consigo descrever”, relatou Thiago.

“No começo, pensei que fosse uma alucinação, mas foi se aproximando. Era uma viatura policial, com as luzes acesas. Naquele momento, senti um alívio que não consigo descrever”, diz ele, que ligou a lanterna do celular para ser visto pelos agentes.

A patrulha havia sido mobilizada após María, uma amiga do brasileiro, acionar a polícia da cidade de Gobernador Gregores, preocupada com a ausência de notícias. Após o resgate, Thiago recebeu atendimento médico, comida e abrigo em um hotel oferecido pelos agentes.

“Eles me deram água e comida, me mantiveram aquecido, falaram comigo com um calor que me tocou profundamente. Me levaram ao hospital para um check-up porque minhas pernas estavam dormentes, mas eu estava bem. E então me deram uma cama quentinha em um hotel.”

“Foi uma experiência extrema. Poderia ter terminado de forma muito diferente. Foi graças à minha amiga María, à polícia e a todos que agiram rapidamente que posso contar esta história hoje . No dia seguinte, um caminhão de reboque resgatou o veículo preso na neve.

Um vídeo divulgado pela Polícia de Santa Cruz mostra o momento em que os agentes localizam Crevelloni, que já caminhara cinco horas pela neve à procura de ajuda. E mais: Freire Gomes disse que Exército não apoiaria Bolsonaro: “ele concordou e ficou por isso mesmo”. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução redes sociais e La Nacion; Fontes: Aventuras na História; O Globo; La Nacion)

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