O Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (7), aumentar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, elevando os juros básicos de 14,25% para 14,75% ao ano.
Trata-se do nível mais alto em quase duas décadas, igualando o patamar observado entre julho e agosto de 2006, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão foi tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
De acordo com a nota divulgada pelo Copom, o cenário exige uma política monetária “significativamente contracionista por período prolongado”, a fim de levar a inflação de volta à meta. O comunicado afirma ainda que os riscos inflacionários “estão mais elevados do que o usual” e cita fatores internos e externos como motivadores da decisão.
Entre os elementos que pesaram na análise do Copom estão a instabilidade econômica internacional, principalmente vinda dos Estados Unidos, e o cenário doméstico, com projeções de inflação desancoradas, persistência na atividade econômica e pressões sobre o mercado de trabalho.
A inflação acumulada em 12 meses, medida pelo IPCA-15 (prévia da inflação oficial), chegou a 5,49% em abril, acima do teto da nova meta contínua, que é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Os dados finais do IPCA de abril serão divulgados nesta sexta-feira (9).
Desde janeiro, o país adota o regime de metas contínuas, em que o cumprimento da meta de inflação é verificado mês a mês com base no acumulado dos últimos 12 meses — não mais no fechamento do ano-calendário. Assim, em maio de 2025, será avaliada a inflação de junho de 2024 a maio de 2025, e assim por diante.
O Relatório de Inflação mais recente, publicado em março, trouxe uma projeção de 5,1% para o IPCA em 2025. Já o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central com estimativas do mercado, aponta para um índice de 5,53% neste ano, ultrapassando o teto da meta. Há quatro semanas, essa expectativa era de 5,65%.
Com a elevação da Selic, o objetivo é reduzir o consumo e segurar os preços ao tornar o crédito mais caro. No entanto, o movimento também tem efeitos negativos sobre o crescimento econômico. A projeção atual do Banco Central para a expansão do PIB em 2025 é de 1,9%, enquanto os economistas do mercado estimam uma alta de 2%, segundo o Focus.
A Selic é usada como referência nas negociações de títulos públicos e influencia diretamente todas as demais taxas de juros da economia. Quando elevada, ajuda a conter a demanda e a inflação; quando reduzida, estimula a atividade econômica, mas exige confiança no controle dos preços. E mais: Ato em Brasília cobra anistia ampla para presos do 8 de Janeiro e tem presença de Bolsonaro. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fontes: Poder360; EBC)