Após mais de duas décadas de negociações e cinco presidentes brasileiros, o Mercosul e a União Europeia (UE) finalmente chegaram a um entendimento histórico sobre o maior acordo de livre comércio e investimentos do mundo.
A parceria envolve mais de 750 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) conjunto de US$ 22 trilhões. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (6), durante a 65ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai.
O pacto, que busca reduzir tarifas de exportação e promover o intercâmbio econômico entre os blocos, ainda precisa passar por uma revisão legal e tradução dos textos para os idiomas oficiais das nações envolvidas. Somente após esse processo, que pode levar meses, o acordo será assinado e, posteriormente, submetido à aprovação interna de cada país.
No Brasil, por exemplo, o tratado deverá ser analisado pelo Poder Legislativo antes de sua ratificação. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou o impacto potencial do pacto: “Este acordo funcionará para pessoas e empresas. Mais empregos. Mais escolhas. Prosperidade compartilhada.”
Desafios na Europa
Apesar do entusiasmo de líderes sul-americanos, o acordo enfrenta forte resistência de agricultores europeus, especialmente na França. Eles temem que a entrada de produtos agrícolas do Mercosul possa prejudicar os mercados locais. Emmanuel Macron, presidente francês, mantém uma postura crítica, e o governo da França já declarou que a decisão não altera sua avaliação sobre o pacto.
Outros países europeus, como Itália, Holanda e Polônia, também manifestam cautela, enquanto a Alemanha, tradicional apoiadora do livre comércio, enfrenta fragilidades políticas que podem dificultar sua influência no debate.
Para lidar com essas preocupações, Ursula von der Leyen afirmou que o acordo inclui “salvaguardas robustas” para proteger os agricultores europeus e ressaltou a importância estratégica da parceria em um cenário global de fragmentação.
Segundo ela, o tratado pode beneficiar cerca de 60 mil empresas europeias, gerando economias anuais de 4 bilhões de euros com tarifas reduzidas e processos aduaneiros mais simples.
Oportunidade e Cooperação
Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai e anfitrião do encontro, reforçou que o acordo deve ser visto como uma oportunidade, não uma solução mágica: “Num mundo tão convulsionado, essa imagem de união entre os blocos nos permite acreditar que a humanidade pode construir pontes em vez de conflitos.”
A presidente da Comissão Europeia destacou os laços históricos e culturais entre os dois continentes e reforçou que o acordo é uma “necessidade política”. “Num mundo cada vez mais conflituoso, demonstramos que as democracias podem apoiar-se umas às outras. Este acordo não é apenas uma oportunidade econômica, é uma necessidade política.”
Enquanto as negociações avançam para a assinatura e ratificação, o acordo entre Mercosul e União Europeia marca um novo capítulo nas relações entre os blocos, prometendo oportunidades econômicas e cooperação em meio a desafios globais. “Como eu posso ser pessimista?”, diz Lula sobre 2024. Clique AQUI para ver. E clique AQUI e APOIE nosso trabalho.(Foto: Palácio do Planalto; Fontes: EBC; UOL)