A Venezuela prendeu três cidadãos norte-americanos no início deste ano acusados de tentar entrar ilegalmente no país sul-americano e atualmente os mantém detidos, segundo o Departamento de Estado dos EUA e pessoas familiarizadas com o assunto. As informações são da agência de notícias Reuters, que cita fontes do governo americano ao revelar o caso.
“O governo do presidente Nicolás Maduro tentou manter em segredo as prisões dos três norte-americanos, enquanto continua os contatos diplomáticos nascentes com o governo Biden”, disse uma das fontes de Reuters.
Os três detidos se somam a outros oito americanos que se sabe terem sido presos na Venezuela, incluindo cinco ex-executivos da Citgo Petroleum, uma unidade norte-americana da petrolífera estatal venezuelana PDVSA.
Em 2017, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que os executivos venezuelanos-americanos da refinaria Citgo, presos em “operação contra a corrupção”, seriam julgados como “traidores corruptos e ladrões”, apesar de um pedido dos Estados Unidos para que fossem liberados.
“Podemos confirmar a prisão de cidadãos americanos na Venezuela em janeiro e março deste ano”, disse um porta-voz do Departamento de Estado americano. “Levamos a sério nosso compromisso de ajudar os cidadãos dos EUA no exterior. Devido a considerações de privacidade, não temos mais comentários.”
O governo dos EUA considera que os novos três homens, todos presos em casos separados, foram detidos injustamente. O advogado de Los Angeles, Eyvin Hernandez, 44 anos, e o programador de computadores do Texas Jerrel Kenemore, 52 anos, foram detidos em março, enquanto um terceiro americano não identificado foi preso em janeiro.
Eles são acusados de entrar ilegalmente na Venezuela e de outros crimes não especificados, disseram fontes da Reuters. O Departamento de Estado dos Estados Unidos, entretanto, se recusou a confirmar os nomes apontados pela agência de notícia.
Não ficou claro por que eles viajaram para a Venezuela. Um aviso de viagem do Departamento de Estado, em 19 de maio deste ano, alertou os americanos a não irem ao país devido, entre outras razões, ao risco de detenção “sem o devido processo”.
As prisões de março ocorreram após a libertação de dois americanos pela Venezuela no início do mês, após uma visita da delegação norte-americana de mais alto nível em anos. Uma segunda delegação dos EUA que visitou o país em junho não conseguiu garantir a liberdade de nenhum prisioneiro.
Autoridades dos EUA usaram as viagens não apenas para tentar libertar americanos, mas também para persuadir Maduro a reiniciar as negociações paralisadas com a oposição do país no México para discutir eleições democráticas, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. O líder socialista ainda não concordou com uma data para as negociações.
A volta do diálogo após anos de hostilidades entre os Estados Unidos e a Venezuela, membro da Opep, ocorre quando a guerra da Rússia contra a Ucrânia comprometeu o suprimento global de petróleo. As conversas durante a visita do mês passado, que incluiu o embaixador dos EUA na Venezuela, James Story, entretanto, envolveram somente questões políticas, mas não o setor de petróleo da Venezuela, sob sanções dos EUA desde 2019, disseram fontes da Reuters.
As famílias dos detidos emitiram um comunicado na segunda-feira (11) pedindo ao secretário de Estado Antony Blinken que substitua Story, acusando-o de minar os esforços para libertar prisioneiros priorizando questões políticas. O Departamento de Estado, questionado sobre as acusações, apenas respondeu: “Somos gratos pela parceria, feedback e defesa de famílias que têm entes queridos detidos injustamente no exterior”.