O jornal Folha de São Paulo publicou um editorial contundente sobre o pacote de controle de gastos anunciado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O periódico critica duramente a abordagem do governo, sugerindo que o petista prioriza interesses eleitorais em detrimento da sustentabilidade fiscal e econômica.
A crítica central recai sobre a falta de medidas eficazes para controlar as despesas públicas. “O conjunto de medidas escancarou que os interesses eleitoreiros do presidente da República estão acima de qualquer preocupação com a sustentabilidade da política econômica”, pontua o editorial, destacando que, em vez de um plano eficaz de austeridade, o governo apresentou propostas tímidas e pouco convincentes.
O editorial também questiona a proposta do governo de isentar do Imposto de Renda rendimentos de até R$ 5.000 mensais. A medida, embora tenha o mérito de promover a progressividade tributária, na visão da Folha, é considerada mal explicada e suscita preocupações sobre suas implicações fiscais. O jornal aponta que, com a implementação dessa isenção, o governo perderia cerca de R$ 35 bilhões anuais em receita, sem uma estratégia clara para compensar essa perda.
Em relação à tributação extra de rendimentos superiores a R$ 50 mil mensais, o editorial aponta que o Congresso terá a palavra final sobre a mudança na tabela do Imposto de Renda. Contudo, a Folha observa que, historicamente, os parlamentares são mais rápidos em conceder isenções do que em aumentar tributos. “É notório que os parlamentares são mais ágeis em conceder isenções do que em cobrar mais impostos”, destaca o texto.
O pacote também é criticado pela falta de um plano estruturado para um ajuste fiscal duradouro. O governo prometeu economizar R$ 327 bilhões até 2030, mas a Folha questiona a viabilidade dessa estimativa, considerando que o mandato de Lula termina em 2026. “O próprio pacote de contenção do aumento de gastos parece frágil”, afirma o editorial, alertando para o caráter duvidoso das propostas, que não oferecem garantias claras de resultados positivos.
Embora o governo tenha se empenhado em combater fraudes e desvios em benefícios sociais e subsídios, o jornal observa que tais ações não representam um ajuste estrutural eficaz. “Nada disso significa ajuste estrutural, e os resultados não são líquidos e certos”, ressalta o editorial.
A medida de maior impacto a médio prazo, segundo o jornal, é a mudança no reajuste do salário mínimo, que, embora contribua para conter a expansão das despesas previdenciárias, não resolve a crise fiscal de forma significativa. Para a Folha, o governo criou um “problema” fiscal já em 2022, ao aprovar um aumento de gastos sem uma previsão de receita correspondente.
Por fim, o editorial aponta que, ao invés de trazer soluções concretas, o pacote do governo gerou novas incertezas econômicas, refletidas na disparada do dólar e no aumento das taxas de juros. “O governo, porém, criou nova rodada de dúvidas e descrédito, que se materializa na disparada do dólar e dos juros”, conclui a Folha, alertando para os impactos negativos sobre a população de menor renda.
O jornal conclui que o pacote fiscal não só falha em estabilizar a economia, mas também coloca em risco a confiança do mercado e das pessoas, sendo até mesmo ineficaz como estratégia eleitoral para o governo. Clique AQUI para ver na íntegra. (Foto: reprodução vídeo)